- Dizer tão-só parabéns
Nem em ode se inspirar
Mesmo parecendo menor
Melhor não tenho para dar-

Como podem só palavras
Tal sentimento expressar?

Não podem, dizei logo
Não ousem sequer tentar
Mas é ela, sempre Ela
Quem vos não deseja humilhar

Nem tu mesmo, pena que lavras
Campos de letras com teu penar
Podes ousar tal existência
A tal nobreza aspirar

Só a vida assim o pode
Só a ela intentar
Só a ela lhe compete
Tal maravilha narrar

A estes trint'oito anos
Nem bem santos, nem profanos
- santos não há, nem a tal aspiramos -
Trinta e oito, repitamos:

- Porque à idade não temamos
Nem ao que ela ensinar
Longos, belos, vivos anos
Memórias a perdurar -

Repitamos e cantemos
Não há senão porque alegrar
Faz anos o testemunho
Do Bem que há-de chegar
...
Que me dizem, inseguro?
Talvez vos deva explicar:
Se num mês nada é obscuro
Pouco mais há a separar
Do adeus, que o "até logo"
Vai, decerto, perdurar

E este é, assim o temo
O último celebrar
Com um beijo, um aconchego
Talvez do desassossego
Venha eu a invejar...
Miguel PadrãoMiguel Padrao