
Como ligar um país ao mundo, nos dias de hoje? Eventualmente, construindo estradas, portos, meios de comunicação, investindo nas tecnologias, no mercado de trabalho global. Haverão, certamente, milhões de formas de nos tornarmos mais cidadãos do mundo e de sairmos da nossa redoma, quantidade apenas suplantada, em número e importância, pelos motivos para o fazermos. Contudo, estruturalmente, há um investimento mais necessário a ser realizado, maioritariamente, para o bem das gerações futuras. O ensino da Língua Inglesa.
Não nos enganemos: o alemão pode abrir oportunidades de emprego, bem como o mandarim, o castelhano ou o francês; a aprendizagem de qualquer uma destas línguas traz fortes, enormes vantagens para o seu falante, além das suas principais funções - servir de veículo de comunicação, permitir-nos a abertura de novas e maiores oportunidades, novos e diferentes mundos, novas e surpreendentes realidades. Contudo, a língua de Shakespeare suplanta todas as restantes em três requisitos fundamentais para o seu atual estatuto de língua rainha da globalização: por um lado, a sua difusão universal e o poder dos países nos quais é língua oficial - como o Reino Unido e os Estados Unidos da América -, o que faz dela um requisito obrigatório para a diplomacia, comércio ou qualquer área de vanguarda nos dias de hoje. Por outro, o número de falantes – é a segunda língua materna mais falada "nativamente", além de ser a língua mais falada por segundos falantes, universalmente -, fator importantíssimo numa língua qualquer. Finalmente, as possibilidades de emprego e as facilidades que, um pouco por todo o mundo, esta língua nos traz.
Assim, conclui-se facilmente que qualquer Estado digno desse nome não se pode permitir a deixar os seus cidadãos privados desta ferramenta, devendo, aliás, fomentar a sua aprendizagem e o seu uso - desde que não em detrimento da sua língua nacional - para conseguir uma integração destes num mercado de trabalho que - sinal dos tempos - é cada vez mais global.
O caso português é um bom exemplo: a situação atual do país, da Europa e do Mundo em geral dever-nos-ia levar a apostar nesta mais-valia fundamental, em particular para um país que se quer mais exportador, ativo e aberto. Como tal, apenas podemos regozijar com a mudança, nos exames nacionais do nono ano, que adiciona o Inglês como uma disciplina de exame ou, mais concretamente, "teste diagnóstico" obrigatório. Há que abandonar o "medo" dos exames, mediante a sua regularização, e vê-los não como um bicho papão, mas como um elemento de avaliação, não só de alunos, escolas e professores, mas, principalmente, dos programas das disciplinas. Deste modo, este exame será importantíssimo para avaliar as competências dos alunos no término do ensino básico e para permitir uma eventual revisão do programa curricular da disciplina.
Mas não só devemos regozijar com esta notícia, como também com o facto de, ao contrário do dito pela oposição de esquerda, aliás, bastante cautelosa na escolha das suas fontes (ou não fosse o Correio da Manhã o diário com maior tiragem do nosso cinzento retângulo), ter sido incluído, facultativamente, o ensino do Inglês nas atividades curriculares, ao contrário do que foi dito e jurado por muitos.
Assim, conclui-se que estamos no bom caminho. Não, não será o melhor caminho para o facilitismo, para as progressões administrativas e para as médias espalhafatosas. Este nunca foi o caminho escolhido por este executivo, que sempre defendeu o rigor e a exigência. Pois, só com rigor e exigência, voltaremos a entrar nos eixos, só com trabalho nos reergueremos. Haverão grandes contradições em algumas ações deste Governo e, em particular, deste Ministério? Com certeza. Não será necessário moderar a exigência em alguns graus de ensino e em algumas disciplinas? Certamente. Não é urgente proceder-se a outras importantes medidas neste campo, que apenas não foram tomadas para não contrariar alguns grandes interesses? Obviamente. Mas, afinal, não houve progressos nos últimos anos? Claramente que sim. Contudo, ainda não me vendi totalmente à política educativa do atual Ministério: afinal, o Inglês ainda não foi considerado obrigatório no primeiro ciclo, muito embora todas as alterações a esse respeito.
É essa assertividade que falta. É essa assertividade que distingue os Homens dos outros. E, atualmente, aproximamo-nos, perigosamente, dos segundos. Pobres, pouco competitivos, isolados, analfabetos, mas politicamente corretos.
Miguel Padrão (11.º A1)
