Assim, apesar de todos os constrangimentos que dificultaram a consumação de uma campanha eleitoral digna e complicaram a efetivação do voto e a familiarização dos alunos com os planos eleitorais das diferentes listas concorrentes, não posso, de modo algum, deixar de considerar estas votações um gigantesco sucesso. Um sucesso porque imbuíram a escola de um espírito de competição saudável entre listas que apenas quereriam - suponho eu - o mandato para poderem efetivar a sua visão do que seria melhor para os alunos e para a instituição. Um sucesso porque ajudou os alunos a sentirem o que é realmente uma democracia, o que é lutar pelas suas ideias e princípios, o que é ter uma palavra a dar na sua governação, poder influenciar com o seu voto os órgãos que irão reger parte da sua vida no ano letivo seguinte. Finalmente, um sucesso, graças à cooperação de ambas as coordenações pedagógicas de ciclos, de todos os concorrentes e da generalidade dos envolvidos no processo, facilitando o que, pela morosidade e complexidade, poderia ter tido um desfecho bem menos gratificante.
Se na campanha ocorreram imprevistos, ocorreram. Se espero que, no corrente ano, a calendarização das eleições seja efetuada de modo a não coincidir com o fim do ano letivo, espero certamente que sim. Se penso que neste ano se deve dar mais tempo à discussão de ideias, em vez de se cair numa pouco produtiva competição de popularidade e distribuição de benesses, penso. Se desejo que a próxima campanha ultrapasse o estado de um almoço em formato buffet, ao ar livre e com música ambiente, desejo.
Contudo, primeiro há que certificarmo-nos de que estas eleições, esta campanha se virá a realizar de novo. O que, aliás, começo a recear não vir a ocorrer: sem querer cair no histerismo, considero alarmante a situação da Associação de Estudantes (AE) para a formação da qual tantos alunos trabalharam, incansavelmente, durante mais do que um ano.
Oito meses. Duzentos e quarenta dias. Praticamente o tempo de gestação do ser humano. Oito meses depois, o que fez esta direção da AE pelos alunos da escola? Nada. O que mudou na relação entre a escola e os alunos? Zero. Quantas promessas eleitorais foram cumpridas? Nenhuma. Quando foi convocada uma reunião da Assembleia Geral de Alunos? Nunca.
O que foi feito neste meio ano útil que, entretanto, passou? O que distingue, atualmente, a Associação de Estudantes da Comissão de Finalistas, quando os estatutos da primeira preveem, justamente, que os papéis de ambas jamais se fundam?
Sinceramente, não creio sequer que os membros da direção da AE acreditem na sua capacidade para alterar o rumo da situação. Desconfio até que não tenham qualquer interesse em fazê-lo; caso contrário, não teriam transformado o órgão para o qual foram eleitos num clube privado de amigos. Não teriam prometido um jornal que nunca mais materializaram, seja por falta de capacidades, seja por pura falta de vontade.
Não se pretende que os alunos se dediquem a tempo inteiro aos seus cargos ou não fosse a sua profissão a de estudante. Não obstante, exige-se que estes possuam a responsabilidade para cumprir a palavra dada ou enfrentarem as consequências dos seus atos. Exige-se que tenham mais dinamismo que o fardo de palha em que transformaram um órgão fulcral na comunicação entre os alunos e a restante comunidade escolar. Exige-se, acima de tudo, que tenham vergonha.
Posto isto, apelo-vos: não se humilhem, não descredibilizem o cargo para o qual foram eleitos, não vexem todos os que votaram em vós. Não continuem este aborto, não afundem, irremediavelmente, a única Instituição que vos, nos representa!
Obviamente, demitam-se!
Miguel Padrão (11.º A1)