Em mais uma “miniconferência” do “Model United Nations” (MUN) – designada internamente por EPM-CELPMUN –, realizada no passado dia 12 de fevereiro, dezenas de alunos do ensino secundário da nossa Escola abordaram o tema “Para uma arquitetura sustentável da paz: prevenção/resolução de conflitos e construção/manutenção da paz” como meio para uma melhor compreensão dos atuais conflitos internacionais e contributo para a sua resolução.
O trabalho dos estudantes destacou-se pela criação de debates e obtenção de consensos entre as delegações representativas de diversos países do mundo sobre os problemas mundiais mais emergentes. O modelo de abordagem adotado (MUN) permite criatividade e engenho, fazendo com que os alunos demostrem competências de investigação, seleção, tratamento e interpretação de informação, bem como de argumentação, fundamentação de ideias e construção de discurso confiante perante o público, ao lado da contra-argumentação e identificação de oportunidades de diálogo.

Inicialmente, os estudantes foram divididos em grupos, cada um deles recebendo a moderação de colegas do 12.º ano. O trabalho desenvolvido em cada um dos grupos consistiu em debater três resoluções que foram submetidas à votação dos pares de modo a levarem as melhores à última sessão geral no Auditório Carlos Paredes. O Irão, que propôs as medidas “as tensões políticas com os EUA”, a “procura de soluções para a guerra” e o “desarmamento do país”, alcançou mais votos em relação às apresentadas, por exemplo, pelos EUA e Coreia do Norte.
Salomé Beatriz e Aisha Hamad, moderadoras que orientaram o debate final no Auditório Carlos Paredes, afirmaram que todos os alunos “estiveram muito bem, muito melhor do que esperávamos para uma primeira vez. Souberam analisar as resoluções com cautela e organizar argumentos contra e a favor dos mesmos, mostrando conhecimentos na área”, revelaram, acrescentando que “estão todos devidamente preparados para um verdadeiro MUN”.
Refira-se que, para além do Irão, EUA e Coreia do Norte envolvidos nas resoluções mais votadas, representantes de outros países estiveram igualmente ativos, como os do Sudão do Sul, República Democrática do Congo, Somália, Venezuela, Síria e República Centro Africana, entre outros.
Discutir de aluno para aluno
No que toca ao tópico “Para uma arquitetura sustentável da paz: prevenção/resolução de conflitos e construção/manutenção da paz”, Sandra Macedo explicou que o “tema é atual e faz parte da agenda das Nações Unidas e dos debates internacionais porque é sabido que ainda há guerras no mundo atual”, acrescentando que para a preparação dos debates os professores forneceram aos alunos folhas mas quais constam o “tipo de regime político de cada país, quem é o chefe de estado, se é uma monarquia, república ou democracia, qual a moeda e tudo sobre o país que se relaciona com o tema”.
Os debates temáticos foram resultado do trabalho realizado em contexto de sala de aula, na articulação curricular entre as disciplinas de Inglês e de Filosofia, uma vez que, segundo Sandra Macedo, existem técnicas de aprendizagem de debate que são similares. Os alunos foram orientados para realizarem pesquisas ligadas ao contexto real dos fenómenos em estudo, associados aos respetivos países, de modo a desenharem soluções para concertarem os problemas identificados, expostos e analisados publicamente. Nota importante ainda referir é o facto de todos os debates preparatórios e finais serem desenvolvidos em língua inglesa por alunos portadores de língua nativa distinta. É neste particular que mais se manifesta a articulação curricular entre as disciplinas de Inglês e Filosofia.

Laura Lima falou dos vários conflitos internacionais mais violentos das últimas três décadas. “Um número recorde de civis está a ser morto ou ferido por armas explosivas. Um número recorde de pessoas está em movimento, deslocado pela violência, guerra e perseguição. O mundo está a testemunhar, cada vez mais, a violações horríveis dos direitos humanos, a nacionalismos crescentes, a racismo e a xenofobia. As desigualdades também estão aumentando; regiões, países e comunidades inteiros podem ficar isolados do progresso e deixados para trás pelo crescimento. Mulheres e meninas ainda enfrentam discriminação de todos os tipos. Mas isto não é tudo. Como todos testemunhamos em Moçambique no último ano, os seres humanos estão em guerra contra a natureza. E a natureza está atacando de volta. Em todos os continentes, os desastres climáticos estão afetando os mais vulneráveis e desprivilegiados. Portanto, precisamos fazer a paz entre países, raças, religiões, géneros e grupos étnicos. Também devemos fazer as pazes com a natureza”, declarou Laura Lima, para quem o importante é a opção pelo diálogo, pela construção de pontes entre divisões e pela celebração das diferenças para construção de um mundo melhor.