francisco rungo
Querido Amigo,

Ainda há dois dias fui espreitar os meus meninos à tua sala e lá estavas tu, junto à janela da Informática 1, dando instruções. Foi ali que te conheci, há muitos anos, e era ali que estávamos habituados a ver-te vestido da tua simplicidade, da tua simpatia e da tua arte de fazer os problemas não parecerem assim tão importantes. E tinhas razão. Nada é importante quando o dom da vida é posto em causa.

A tua presença era tão natural que, entre nós, quando queríamos distinguir as salas, aquela em davas aulas era “a sala do Rungo”.

Deixaste-nos surpresos, incrédulos, em choque. Não tivemos tempo ainda para termos saudades e já estamos cheios delas. Saudades do teu caráter cordato, sempre focado na solução, nunca no problema. Saudades do teu caráter doce e da tua atitude tranquila. A tua voz era sinal disso mesmo. Era uma voz serena, delicada e gentil. Como a tua presença o foi entre nós.

Não há despedidas, não há cerimónias, nem homenagens que mitiguem o vazio da tua ausência. Homem íntegro, profissional dedicado, colega e companheiro cooperante e solidário. Teremos de reaprender a vida na Casa Amarela sem um dos seus históricos professores, sem um dos seus símbolos. Teremos de reaprender a vida mais pobres. Sem a riqueza da tua presença entre nós.

Tantas gerações de jovens te passaram pelas mãos e te recordarão com carinho! É esse o teu legado. O melhor de quantos possa haver!

Por altura do falecimento do Professor Francisco Rungo, a Escola Portuguesa de Moçambique - Centro de Ensino e Língua Portuguesa endossa à família enlutada as mais sentidas condolências.

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