Um conjunto de 44 obras de desenho e pintura do artista plástico moçambicano, Dito Tembe, e de alunos da Escola Portuguesa de Moçambique – Centro de Ensino e Língua Portuguesa (EPM-CELP) está, desde a tarde de 26 de abril, patente no átrio principal desta unidade de ensino. A exposição, designada “Magalhães à Volta do Mundo pelo Olhar Moçambicano”, cruza o abstrato e o figurativo numa sinfonia colorida, conforme necessário para traduzir amizades, desconfianças, dificuldades da circum-navegação e memórias da centenária viagem de Fernão Magalhães.
Para além da forma, objeto da arte, os trabalhos agregam valor pedagógico sobre a viagem do navegador português, incidindo na manifestação de competências e saberes associados à Língua Portuguesa, Matemática, Educação Visual, Ciências Físico-Químicas, Geografia, Ciências Naturais e História. E é esse o valor agregador que o artista plástico, Dito Tembe, revelou ter encontrado no desafio de pintar obras e auxiliar os alunos na organização da exposição.
“Este trabalho é resultado das condições que foram criadas. Contar a história de Fernão de Magalhães exigiu de mim muita leitura, para perceber o contexto, a história e a vida há 500
anos. Quando soube que a exposição seria na EPM-CELP, fiquei feliz porque vislumbrava uma experiência única. Aprender com crianças é genuíno. Elas são expressivas e espontâneas. E essa é a vantagem de trabalhar com elas: têm muito que ensinar”, explicou o artista.
Com traços autónomos, as obras dos alunos das turmas de Artes, dos 10.º, 11.º e 12.º anos do ensino secundário, não são apenas desenhos, mas ilustrações cuja base foi compreender, entregar-se e espelhar a vida de Magalhães. Por isso, de acordo com Luísa Antunes, Presidente da Comissão Administrativa Provisória (CAP), “para além de valorizar a arte de Dito Tembe, a exposição inspira o engenho e criatividade dos alunos da nossa escola”.
Na abertura da mostra, num ambiente intimista, e no mais restrito respeito pelas normas de prevenção da Covid-19, alunos de Teatro do 8.ºE, conduzidos pelo professor Rogério Manjate, dramatizaram, em bailado e poesia, “O Infante”, de Fernando Pessoa, e expressaram a alegria, a agitação do mar, e todas as vicissitudes encontradas ao longo da viagem de circum-navegação.
A exposição “Magalhães à Volta do Mundo pelo Olhar Moçambicano” enquadra-se no projeto EPM-CELP Sustentabilidade de Culturas e Linguagens, integrado no Plano Nacional das Artes cujo objetivo principal é unir todas as manifestações artístico-culturais da escola no mesmo palco. E na nossa Escola tiveram apoio da Rede de Escolas Magalhânicas e do Camões – Centro Cultural Português em Maputo.
As obras estarão patentes até 7 de maio e serão complementadas por visitas guiadas, palestras, o lançamento de um livro e uma homenagem a Calane da Silva.