palestra matemáticaA académica e vice-reitora da Universidade Rovuma, Sarifa Fagilde, atualmente confirmada a primeira mulher moçambicana Professora Catedrática em Educação de Matemática, partilhou hoje a sua experiência de vida e profissional, nas várias áreas, com alunos do nono ano, turma “E”, da Escola Portuguesa de Moçambique – Centro de Ensino e Língua Portuguesa (EPM-CELP). Com pompa e circunstância, alunos, professores e membros da Comissão Administrativa Provisória (CAP) da Escola sanaram dúvidas e curiosidades sobre um percurso que inicia aos seus 18 anos, altura em que a cientista se torna professora.

Em cerca de uma hora de conversa descontraída em volta da matemática, basquetebol, voleibol e atletismo – áreas que, segundo disse, influenciaram uma nas outras como fontes de persistência e disciplina – passando pelos medos, descriminações e múltiplos desafios, Sarifa Fagilde revelou que se sente orgulhosa e realizada. E o motivo é simples: “o meu título de Professa Catedrática inspira outras mulheres. Por isso, fui escolhida como umas das cientistas africanas para influenciarem as mulheres a trilharem o caminho da educação”, revelou.

plalestra matematica 2Questionada sobre o segredo do sucesso, tido tanto como atleta e como estudante, a palestrante afirmou que tudo está no professor. Ou seja, “o professor de matemática deve fazer compreender a matéria e não obrigar os alunos a decorarem fórmulas”, explicou a académica para quem o título de Professora Catedrática é resultado das escolhas que fez no passado. “Houve momentos em que foi mais difícil conciliar o desporto e a escola. Na altura, não haviam ainda leis que protegessem o desportista em Moçambique. Então, tive de priorizar a escola”.

Humilde e de trato fácil, Sarifa Fagilde falou igualmente das dificuldades que enfrentou ao longo da sua carreira por ser mulher. Recordou-se, a lamentar, de professores que diziam que a matemática não era para mulheres e de outros, aquando da sua nomeação como coordenadora, que não acatavam as suas ordens pura e simplesmente por ser mulher. “Diziam, eu não vou ser mandado por uma mulher”, disse afirmando que “essa é a grande luta”.

Sobre o estágio atual da educação matemática em Moçambique, a vice-reitora da Universidade Rovuma mostrou-se satisfeita, porém reiterou que é preciso mais incentivo. “Há poucos concorrentes e especialistas, principalmente mulheres, nas áreas das ciências comparativamente com outras áreas. É preciso incentivarmos mais”, concluiu.

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