O encontro com os encarregados de educação do 2º Ciclo teve o objetivo de olharmos, juntos, para uma das fases de desenvolvimento que mais desafia o mundo dos adultos. A mudança para o 2º Ciclo, para além de ter associado um conjunto de mudanças no contexto académico, traz ainda mudanças no desenvolvimento da pessoa dos alunos com a proximidade da puberdade e da adolescência. Do ponto de vista da escola, foram trazidos pelos alunos, em atividade com as psicólogas, sentimentos relacionados com o abandono da monodocência que dá, agora, lugar a um conjunto de novos docentes, a perda de amigos e colegas por integração em turmas diferentes, o medo de não ser aceite pelos novos colegas, o aumento do número de salas, o aumento de responsabilidades, o aumento da complexidade de matérias, o aumento de testes, o aumento da ansiedade associada a tudo quanto é novo e muito.
Do ponto de vista do desenvolvimento pessoal, as grandes “dores” dos nossos alunos relacionam-se com a puberdade e a adolescência que os aguarda e a comunicação com os pais sobre o assunto. Foram apresentadas questões como Por que é que a adolescência é a pior fase da vida? Como aparecem as borbulhas e os pelos nos adolescentes? Por que é que quando tens um irmão ou irmã mais novo, os pais param de te dar atenção e tempo e o teu novo irmão/irmã passa a ignorar-te? Porque é que tentamos conversar com os nossos pais ou parentes sobre a mudança do corpo, mas temos desconforto e medo de falar sobre este assunto? Como perco o medo de falar com eles? Quero gostar de algumas partes do meu corpo. Gostaria de aprender como me defender de pessoas que querem usar o meu corpo para se divertirem. Gostaria de saber como ter mais intimidade com os meus pais e como falar com eles.
Dentro deste trabalho desenvolvido pelas psicólogas do Serviço de Psicologia e Orientação (SPO) da EPM-CELP, os pais foram igualmente convidados a participar numa “roda de conversa” onde puderam conhecer a visão sobre as mudanças que surgem nesta fase e sobre os melhores caminhos a seguir para acompanhar os seus filhos, na tentativa de, juntos, se encontrarem as melhores respostas ao o que fazer e como fazer com as mudanças físicas, emocionais e comportamentais.
Deste encontro, e com um bom envolvimento dos pais presentes, saíram orientações como a extrema importância de construir pontes de comunicação e de afetos entre pais e filhos, assegurando a existência de um clima de confiança, abertura e disponibilidade para receber aqueles que, nesta altura, se por um lado (ainda) têm os pais como o porto seguro ao qual querem recorrer, por outro lado, têm também bastantes dificuldades em se aproximar deles por vergonha, timidez e, muitas vezes, pela (sua) certeza de não valer a pena fazê-lo, pois é sua certeza que dificilmente serão compreendidos…
Em 90 minutos de conversa, podemos dizer que foi 100% positivo o fortalecimento da equipa de educadores que, entre saberes e afetos, dedica o seu tempo à construção do bem estar da pessoa dos alunos dos atuais 5.º e 6.º anos da EPM-CELP.