LuísaA Direção da EPM-CELP voltou a assumir, publicamente, o seu compromisso com a Educação de qualidade, obtida através da sua dedicação, resiliência e valores humanistas, agora adotados em prol da proteção ambiental, da sustentabilidade. Em discurso proferido no âmbito da Sessão Solene do 23.º aniversário da Escola, no dia 25 de novembro, Luísa Antunes, presidente da Comissão Administrativa Provisória, reiterou que “não há como não encarar este facto [da sustentabilidade] como o desafio de sobrevivência, que depende não só de uma melhor proteção ambiental, como de uma mudança de paradigma em termos de inclusão social e melhor distribuição e uso dos recursos existentes. Este desafio só poderá ser pensado no âmbito de uma Educação para o presente e de uma Educação que prepare as próximas gerações para a construção de um melhor futuro”.

As linhas que se seguem, para além de transmitirem uma mensagem forte sobre o novo paradigma que se quer assumir e inserir na sociedade através da sensibilização e do exemplo, incentiva a todos os envolvidos na Educação, enquanto mentores deste instrumento de transformação social, a procurarem respostas para estes momentos desafiadores.


“Exmo. Senhor Vice-Ministro da Educação e Desenvolvimento Humano de Moçambique, D. Manuel Bazo

Exmo. Senhor Secretário de Estado da Educação de Portugal, Dr. António Oliveira Leite

Exmo. senhor Embaixador de Portugal em Maputo. Dr. António Costa Moura,

Exma. senhora cônsul de Portugal em Maputo. Drª Maria Manuel Morais

Exmo. Senhor Secretário permanente do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano, Dr. Abel Assis

Exma. Senhora Diretora Geral da DGAE

Exmo. Senhor Diretor Nacional do Ensino Primário do MINEDH, Dr. Telésforo de Jesus

Exmo. Senhor Presidente do Conselho Municipal da Cidade de Maputo, Dr. Eneas Comiche

Exmos. Diretores e ilustres convidados

Caros Colegas, caros pais e encarregados de educação

Queridos alunos,

Celebramos hoje mais um aniversário da escola, o 23º.  Foi em 1999 que abrimos as portas desta casa, sobre os alicerces da Escola Portuguesa de Maputo, criada em 1986 com o objetivo de edificar um ensino português em Moçambique de grande qualidade científica e humana. Foi um ato de ousadia, alimentado por muito trabalho, dedicação e resiliência e valores humanistas, que são o cimento da nossa identidade como escola.

Este ano o nosso projeto assenta na sustentabilidade do Planeta, sobre como tornar o nosso futuro possível, com dignidade para todos, respeitando os direitos fundamentais de todos os seres humanos e todos os seres do Planeta.

Conjugar esta pretensão com o nosso projeto educativo como escola é a reflexão que hoje desafio a nossa comunidade educativa a fazer.

Estamos num momento da História do Mundo em que constatamos a existência de um conflito inequívoco entre a sociedade e o meio ambiente, entre uma política virada para a dominação e a necessidade de paz para alcançarmos um crescimento sustentável. O modelo económico em que assenta o nosso mundo de hoje caracteriza-se por um desajuste entre o Ser Humano e o Planeta em que vive, por uma economia assente num consumo desenfreado, por um lado, e por enormes clivagens sociais e um uso exponencial dos recursos finitos do meio ambiente, por outro.

Não há como não encarar este facto como o desafio de sobrevivência, que depende não só de uma melhor proteção ambiental, como de uma mudança de paradigma em termos de inclusão social e melhor distribuição e uso dos recursos existentes. Este desafio só poderá ser pensado em termos de uma educação para o presente e de uma educação que prepare as próximas gerações para a construção de um melhor futuro.

Isto implica uma visão holística do mundo onde o Homem é uma peça indispensável para a manutenção do ecossistema em que se encontra inserido.

A educação enquanto instrumento de transformação social não pode deixar de procurar respostas neste momento de mudança paradigmática. A sobrevivência assim nos exige e requer novos valores, novas atitudes.

Educar para a mudança, educar para a resiliência, educar para a justiça, educar para a participação cívica, educar para a sustentabilidade é o desafio nos dias de hoje.

É necessário encontrar novos valores éticos tendo como pano de fundo a justiça e equidade social e um uso racional dos recursos.

Cada vez mais a transversalidade dos saberes deve estar presente na aprendizagem, as ciências devem aparecer aliadas aos valores humanistas, a filosofia sempre presente em cada equação com que nos deparamos.

Este espírito encontra-se presente nos projetos que desenvolvemos na nossa escola.

A formação que teve lugar este mês, em que a Escola se associou à Academia de Líderes UBUNTU, pretende fazer de cada um de nós parte de um todo, numa afirmação: “eu só sou porque tu és”, promovendo a formação de jovens líderes numa linha de liderança servidora e de ética do cuidado. Enquadra-se na visão holística da Humanidade que encontramos em Saramago cujo centenário este ano comemoramos. Saramago, cidadão preocupado com o social e com o futuro coletivo deste mundo.

Foi neste espírito que incluímos nas premiações dos nossos alunos, os prémios de mérito social individual e coletivo. Pensamos que, para além de um bom desempenho escolar, é imprescindível a partilha de valores de cidadania ativa, da capacidade de analisar e intervir sobre a realidade, reforçando o valor do trabalho em equipa e da projeção da nossa intervenção numa perspetiva de futuro.

Esta filosofia que defendemos, virada para o reforço do nosso coletivo e da nossa identidade, está na base do que pretendemos que seja o trabalho com a associação de pais recentemente empossada e com a associação de estudantes, enquanto verdadeira comunidade educativa.

À associação de pais cessante queremos agradecer o apoio e a participação na vida da escola.

À nova associação queremos transmitir a certeza de que estamos abertos ao diálogo e a propostas que visem a melhoria da nossa qualidade de ensino e da formação dos nossos alunos como cidadãos.

Gostaríamos de poder apoiar mais as estruturas das escolas de currículo português nas várias províncias de Moçambique e dar resposta à crescente procura pelo nosso currículo.

Estamos cientes de que ainda temos novos desafios para abraçar e que só em conjunto, pais, docentes, alunos, como uma equipa coesa, com valores comuns sólidos, e com uma identidade forte, conseguiremos concretizar um projeto ambicioso para o futuro”.

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