teresa jerónimoA educação é um processo que, mais do que o simples ato de ensinar, exige dinamismo que se renova constantemente, pois, pela sua natureza, as suas ações implicam recriações constantes. É o que se exige para uma educação de qualidade. Mas, isoladamente, que dificuldades e desafios os professores enfrentaram durante dois anos de restrições provocadas pela covid-19? O que pensam desta nova normalidade? Para duas perguntas, uma interlocutora.

O seu nome é Teresa Jerónimo, professora licenciada, com formação para as disciplinas de Português no 1º ciclo e História no 2º ciclo. Com 40 anos de serviço, está há oito anos na Escola Portuguesa de Moçambique – Centro de Ensino e Língua Portuguesa (EPM CELP). A sua carreira é dividida em dois momentos: 13 anos no 2º ciclo e 27 anos no 1º ciclo do ensino básico. Além das atividades letivas, exerceu os cargos de Adjunta do Diretor de um Agrupamento de Escolas (11 anos), Coordenadora de Departamento do 1º ciclo (cinco anos), Coordenadora de Escola (11 anos), Formadora Residente de Português de um Agrupamento de Escolas, durante dois anos.

Nesta nossa rubrica “Duas Perguntas ao Professor”, Teresa Jerónimo afirma que, com o alívio das medidas restritivas na prevenção da pandemia da Covid-19, contemplando agora a retoma das aulas presenciais, de atividades de complemento curricular e extracurriculares, o segundo período, que iniciou na segunda-feira, 16 de janeiro, será excelente. Acompanhe!

Que dificuldades e desafios enfrentou no primeiro período deste ano, volvidos mais de dois anos de confinamento, onde as metodologias de ensino foram mais desafiadoras?

Neste ano letivo, recebi uma nova turma de 23 alunos do 1.º ano. O que senti em relação à evolução que seria esperada para estes meninos de 6 anos? Um maior grau de imaturidade, ainda muita brincadeira em contextos desadequados às mesmas e dificuldades em manusearem os instrumentos próprios da sala de aula e de trabalho individual como tesoura, lápis de carvão e riscadores, cola… A imaturidade verifica-se, em maior grau, nos rapazes, sendo as raparigas desta idade mais ágeis de mãos e pensamento. Isto sinto-o aqui em Moçambique. Em geral, os alunos são mais imaturos e lentos nas suas tarefas e menos autónomos do que os que sempre encontrei e lidei em Portugal. Nota-se que o confinamento teve uma influência negativa tanto no desenvolvimento da sua motricidade como emocional e relacional. Por outro lado, considero que, tanto alunos como pais, estão a valorizar muito mais a escola, manifestando grande satisfação por fazerem parte das turmas, assim como noto uma maior valorização do trabalho dos professores.

Que perspetivas tem deste novo período?

Muito boas mesmo. A “rotina diária” está instalada e os comportamentos mais desadequados já foram trabalhados com todos. A curiosidade, a alegria e o bem-estar que se sente, diariamente, nestes alunos pequenitos vai fazer toda a diferença no processo de aprendizagem. Quando a aprendizagem é feita com satisfação tudo corre bem. Com a ajuda dos Encarregados de Educação, o estabelecimento de relações profissionais próximas e atentas a cada um (dos alunos e dos seus EE), também resolve muitos problemas relacionais e coloca-os, verdadeiramente, como um dos pilares da educação dos filhos.

--<>--<>--<>--<>--<>--<>--<>--<>--

Topo