A preocupação com os crimes digitais e os mecanismos de rastreamento através da partilha de mensagens de teor ou intenção criminosa, juntou, na noite de ontem, no Auditório Carlos Paredes da EPM-CELP, dezenas de encarregados de educação para descortinarem procedimentos de responsabilização deste tipo de infração que, atualmente, vem atingindo pessoas incautas devido ao hábito de encaminhamentos sem critério. Proferida pelo ex-aluno, advogado e encarregado de educação, Rodrigo Rocha, e o Common Sense Educator, Marco Frazão, a palestra “Conversas de adultos Cidadania Digital 2023” procurou igualmente dotar os presentes de ferramentas legais e de cidadania que visam proteger a si próprios e aos seus dependentes.
Para Rodrigo Rocha, os corredores de seguimento tem vitimado muita gente inocente que, sem a devida noção e reflexão, filma e/ou partilha imagens e mensagens que colocam em causa a dignidade da pessoa humana. “Temos de ter muito cuidado com as assinaturas digitais. A investigação para crimes digitais é de dez anos. Imaginemos, agora, os nossos filhos com 16/17 anos a serem inquiridos sobre um crime daqui a dez anos”, refletiu o advogado para quem “As assinaturas vão sempre seguir a mensagem. Se nós tivermos um telefone que só usamos para cometer um crime, por exemplo uma `bombinha´, a tecnologia permite saber que telemóveis estiveram próximo dessa `bombinha´. É a partir daí que se segue o rasto”.
E esta reflexão não se esgota somente num simples ato de consciencialização dos mais jovens. O palestrante afirmou que é dever dos pais, também, verificar os conteúdos recebidos ou contidos nos telemóveis dos seus filhos. E argumenta: “Isto é de Lei. Não é um capricho dos pais verem os telemóveis dos seus filhos. É uma obrigação”.
Quem corrobora com esta visão é Marco Frazão, que partilhou a sua experiência a partir de Portugal através da plataforma Zoom. “Nós não devemos ser pais que não sabem de nada sobre os filhos. É nossa obrigação ver o que se passa no telemóvel do nosso filho. Às vezes dá prazer, porque eles têm vídeos espetaculares, mas às vezes dá vergonha. Mas é preciso estarmos sempre lá”, disse, acrescentando que “A cidadania digital tem como objetivo reforçar as competências dos alunos no sentido de usarem cada vez melhor o mundo digital.”
Aos pais e encarregados de educação, o professor, com experiência de seis anos na educação para a cidadania digital, falou igualmente do tempo que os filhos gastam em frente ao ecrã, sobretudo os que preferem trancar-se nos quartos durante horas. “O ecrã é um privilégio, não é um direito da criança. Não está escrito em lugar nenhum que é imperioso dar um telemóvel a uma criança, adolescente ou jovem. A criança tem de merecer, tal como damos outras coisas por merecimento”, explicou.
Luísa Antunes, presidente da Comissão Administrativa Provisória da EPM-CELP, admitiu a incapacidade da Escola lidar com esta situação sozinha. Por isso, apelou a contribuição dos pais e encarregados de educação na vigilância e na sensibilização dos seus filhos. A palestra “Conversas de adultos Cidadania Digital 2023” foi organizada pela Associação de Pais e Encarregados de Educação e transmitida em direto na página oficial da EPM-CELP pelo CRE com progressos significativos em relação a transmissões anteriores.
Se ainda não assistiu, não perca este debate!