TEATRO | Poesia dramatizada uniu gerações no Auditório Carlos Paredes
O Auditório Carlos Paredes da EPM-CELP foi palco, na passada quinta-feira, de dramatizações poéticas que homenagearam nomes sonantes da literatura portuguesa em memória das vítimas do ciclone Idai, que fustigou a província moçambicana de Sofala, a cidade da Beira em particular, em março último. A prestação dramática, que foi interativa e destacou a poesia de Sophia de Mello Breyner Andresen e de Sebastião da Gama, entre outros, revelou traços dos percursos artísticos de Maria do Céu Guerra, do grupo “A Barraca”, e de Luísa Vieira e José Rui Martins, do “Trigo Limpo Teatro Acert”.
Promovido pela nossa Escola em coordenação com a Embaixada de Portugal em Moçambique e o Camões – Centro Cultural Português em Maputo, o espetáculo integrou a programação do Festival de Teatro “Ahoje é Ahoje”, que decorre até ao 6 de novembro em diversos espaços da capital moçambicana, juntando atores de Moçambique, Portugal, França e Espanha.
De acordo com a o coordenador do terceiro ciclo de ensino básico e professor de Português na EPM-CELP, João Paulo Videira, “o intuito do recital foi criar uma corrente de solidariedade para com as vítimas do ciclone Idai através da cultura, do conhecimento, sobretudo das artes”, explicou, prosseguindo que se tratou de um espetáculo “que tentou dar enfâse ao conhecimento e à amizade em detrimento das guerras e do ódio”.
Na EPM-CELP, Maria do Céu Guerra, Luísa Vieira e José Rui Martins revelaram as suas paixões pelos livros, pelas palavras ditas e ritmadas em suas infinitas combinações, seja na poesia, nas letras das músicas e das suas crónicas. Para uma plateia composta por alunos, professores e membros da Direção, o trio de atores portugueses exaltou a poesia através de “Menino Grande”, de Sebastião da Gama, “Che Guevara”, “Retrato de uma princesa desconhecida”, “Um país sem mal” e “Camões e a Tença”, de Sophia de Mello Breyner Andresen, entre outros. Tocando e declamando, os três artistas provaram a sua excelência na arte dramática e na relação com o público. No fim, os poetas dissiparam dúvidas e curiosidades da plateia que, emocionada, agradeceu pelo convívio.
Maria do Céu Guerra é uma grande figura do teatro português. Recebeu, este ano, o Globo de Ouro de Mérito e Excelência em Portugal e o Prémio de Melhor Atriz da Europa no Festival Internacional de Teatro – “Actor of Europe”. Nasceu a 26 de maio de 1943 em Lisboa. Terminado o liceu, frequentou o curso de Filologia Românica na Faculdade de Letras de Lisboa onde começou a interessar-se pelo teatro, fazendo parte do Grupo Cénico e estreando-se em 1963 em “Assembleia ou Partida”, na peça de Correia Garção, encenada por Claude-Henri Frèches. Pouco depois, Maria do Céu Guerra integrou o grupo fundador da "Casa da Comédia", ao lado de Zita Duarte, Manuela de Freitas, Fernanda Lapa e Laura Soveral, entre outros atores. Participou em várias produções, a começar por “Deseja-se Mulher” (1963), de Almada Negreiros, encenada por Fernando Amado.