web peledeluz3 10mar20
O Plano Nacional de Cinema (PNC) da EPM-CELP, em articulação com o projeto "Mabuko Ya Hina" no âmbito da Semana da Leitura, visitou esta manhã a Escola Secundária Estrela Vermelha onde exibiu o filme “Pele de Luz”, do realizador português André Guiomar, igualmente participante no evento. A sessão, dirigida a alunos das turmas “A3” e “A4” do 11.º ano da nossa Escola e da 10.ª classe da Estrela Vermelha, inspirou atitudes de determinação e de coragem aos estudantes, comovidos por Isaura e Anifa, as protagonistas do documentário que expõem as suas vidas de perseguidas devido à falta de pigmentação da pele própria do albinismo.

O encontro, suscitador de aprendizagens sobre a problemática do albinismo no país e do trauma vivido em Moçambique pelos seus portadores, foi dinamizado pelas professoras Karina Bastos, Isabel Mota, Sandra Antunes e alguns alunos da nossa Escola e constou da visualização da película e da posterior interação do realizador André Guiomar e do editor Miguel da Santa com os alunos-espetadores.

O documentário, de 19 minutos de duração, sustenta-se a partir de três pontos essenciais – a família, a educação e a religião – e narra a história de duas irmãs albinas: Anifa, sobrevivente de uma tentativa de rapto em Maputo, e Isaura, sua irmã, que vive com o medo que brota da magia negra e do tráfico dos corpos de africanos albinos com a promessa de trazerem boa sorte e riqueza. Sem distorcer a realidade da vida das duas personagens, esta curta-metragem carateriza-se pela tentativa de procura de respostas relativas à construção das suas identidades pessoais.

Os medos, as lutas diárias e os depoimentos das personagens e seus familiares intrigaram a plateia, que experimentou um misto de emoções. Ou seja, embora os espetadores tivessem revelado possuir alguma informação sobre o problema, curiosidades como “porque só filmou Anifa e Isaura se existem muitos albinos?” ou “qual era o seu objetivo quando pensou em fazer este filme?” foram as tónicas do debate pós-filme entre o realizador e os alunos das duas escolas.

André Guiomar, que realizou a obra “Pele de Luz” nos últimos cinco dias dos três anos que permaneceu em Moçambique, explicou que, conquanto a vida de Anifa não diferisse das de outras pessoas com pigmentação normal de pele, a sua história é particular. “Primeiro, por ter sofrido uma tentativa de sequestro em plena zona nobre da cidade-capital e, segundo, por ter uma força incomum de continuar a viver e a inspirar a sua irmã, Isaura, que sofre do mesmo problema”, referiu o cineasta, declarando que “o objetivo foi trazer o lado que ninguém vê: a construção de uma identidade forte, mesmo diante de problemas”.

“Foi uma aula sobre coragem e valorização da vida”
web peledeluz 10mar20Entusiasmados pela trama e, sobretudo, pela vida das personagens, alguns alunos da Escola Secundária Estrela Vermelha perspetivam adotar personalidades fortes para ultrapassarem as barreiras da vida diária. Por exemplo, Isabel Linda Abdula, estudante da 10.ª classe naquele estabelecimento de ensino, afiançou que a “forma como as duas irmãs conseguiram superar as dificuldades, os traumas do rapto, o medo e, mesmo assim, terem uma vida normal em casa, na escola e na igreja revela nelas um espírito de coragem que devemos seguir”, disse a aluna, para quem o documentário facilita a interpretação da mensagem por ser muito claro, breve e objetivo.

Falando sobre a iniciativa, Karina Bastos, representante do PNC, explicou que a EPM-CELP adotou, há alguns anos, o conceito “open doors” com o objetivo de partilhar com a comunidade as experiências pedagógicas em torno do cinema. E este propósito revela-se pertinente a avaliar pela experiência de hoje na Escola Secundária Estrela Vermelha, que “foi interessante pois, por exemplo, a explicação em torno do filme aguçou não só conhecimentos sobre o problema do albinismo discutido, mas também sobre a própria produção cinematográfica”.

Satisfeito com os resultados da visita, André Guiomar agradeceu o convite da EPM-CELP, ressaltando que as oportunidades do género servem para o desenvolvimento do sentido crítico nos alunos. “Acho estas experiências essenciais na preparação de um futuro em que o debate esteja mais presente e a arte tenha mais espaço”, afirmou o jovem cineasta português. Agradecido, André Guiomar declarou ser sempre gratificante partilhar conhecimentos com jovens do ensino secundário porque “percebo que é um dos meus principais públicos”, revelando que “é discutindo com eles que surgem as mais sinceras perguntas e análises”, concluiu.

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