HISTÓRIA | “Expedicionários” da EPM-CELP na Fortaleza de Maputo
Os alunos da turma F do sexto ano da EPM-CELP “embarcaram”, a 22 e 23 de janeiro último, na visita de estudo intitulada “Aventura na Fortaleza de Maputo e na Casa Amarela”, acompanhados por professores e pais. A expedição, que durou dia e meio, integrou o plano de atividades da área disciplinar de História e pretendeu transportar os alunos aos tempo e espaço históricos dos séculos XVIII e XIX.
A aventura, que se realiza desde 2014, relaciona-se com o programa de História do sexto ano e surgiu da colaboração entre a EPM-CELP e os responsáveis da Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição e da “Casa Amarela” (Museu Nacional da Moeda). Nesta visita de estudo os jovens “encarnaram” o papel dos náufragos vindos de Lisboa no século XIX, num navio que afundou no Regulado Matchiqui Tchique (actual localização da EPM-CELP). Os náufragos foram dar à Fortaleza, à época um presídio que serviu de local de abrigo às vítimas do acidente marítimo, facto que deu início à reconstituição histórica dramatizada pelos nossos alunos. Naquele tempo, o território era gerido pelos regulados e reinos, sendo cobrado aos portugueses taxas para a sua ocupação territorial. O oficial Joaquim Mouzinho de Albuquerque, antigo governador de Moçambique nos finais do século XIX, conseguiu, então, unificar os povoados e fez surgir, assim, a cidade de Lourenço Marques (atual Maputo).
Foi o curador da Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição que recebeu os jovens, fornecendo um mapa do espaço e explicando o espólio naquele local existente. Depois de uma explicação sobre os perigos dos ataques dos austríacos, holandeses e franceses ao local, os alunos assistiram a uma projecção-vídeo de expedições passadas e tiveram a oportunidade de, ao vivo, experimentarem e aprenderem a dança dos antigos guerreiros, chamada Xigubo, usada para defesa da Fortaleza contra as outras potências europeias.
No segundo dia, pela manhã, os jovens rumaram à Casa Amarela, onde, no século XIX, se alojava o Governador de Moçambique. O propósito da visita foi apresentar “queixas” pela falta de condições na pernoita no presídio, seguindo-se uma visita ao museu guiada pelo próprio curador. Por volta das 11 horas deu-se o regresso da comitiva à EPM-CELP, onde os encarregados de educação esperavam os pequenos aventureiros.
A interdisciplinaridade e a interação entre pais, alunos e professores foram alguns dos objetivos desta visita de estudo, registando-se o envolvimento das disciplinas de Português, no auxílio na interpretação das inscrições das placas e sinalética, das Ciências, no incentivo à prática da alimentação saudável na hora os mantimentos levar, bem como do Inglês, falado nas cantorias dos alunos. A aventura também teve o intuito de despertar o interesse dos mais novos pelo património histórico e pela ligação entre a história de Portugal e a de Moçambique. Por outro lado, o contacto dos jovens com as fontes históricas ajuda na consciencialização da importância de preservação do espólio histórico. No final, espera-se que os alunos desenvolvam o espírito crítico e de cidadania. Segundo Maria Manuel Seno, professora de História e uma das responsáveis pela aventura à Fortaleza, “é uma experiência que leva ao enriquecimento curricular e que estreita a relação entre pais, alunos e professores”.