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O músico moçambicano Edson da Luz, ou simplesmente Azagaia, juntou-se hoje a alunos e professores de várias gerações da Escola Portuguesa de Moçambique – Centro de Ensino e Língua Portuguesa (EPM-CELP) para partilhar suas experiências e visões, enquanto jovem e artista de intervenção social, no colóquio subordinado ao tema “A Cidadania em Ação”, organizado pelo grupo disciplinar de Filosofia e Psicologia no âmbito do Dia Internacional dos Direitos Humanos, hoje assinalado.

Sandra Macedo, professora de Filosofia e Psicologia da nossa Escola, referiu que o convite ao “rapper” Azagaia está associado ao facto de ser modelo de comportamento na sociedade moçambicana, sobretudo através das suas músicas de intervenção social, explicando ter sido intenção “assinalar a ocasião com alguém que se assume na sociedade com uma postura de interveniência ativa e de defesa dos direitos humanos através da música” e garantindo ser possível “exprimir os nossos direitos e defendê-los de muitas formas”. A docente, que moderou a interação público-artista, acrescentou que “tratando-se de um ícone da juventude com quem esta se identifica, pelo impacto que provoca nos comportamentos e formas de pensar, convidamos o Azagaia para transmitir a sua experiência de vida e a sua vivência dentro da luta pelos direitos humanos”.

Azagaia aproveitou a ocasião para inspirar os seus fãs nos caminhos da luta pelos direitos humanos, através de diversas formas de intervenção. Num ambiente ímpar e informal, o autor de “A Marcha”, “Declaração da Paz” e “Povo no Poder”, entre outros temas, falou das suas influências artístico-literários, com destaque para a poética de Fernando Pessoa, de vários líderes mundiais e dos seus próprios pais que, embora de raças, culturas e etnias diferentes, se apaixonaram e amaram incondicionalmente.

Sobre a celebração dos 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, Azagaia afirmou que “foi uma coisa muito boa que se fez e espero que os países que assinaram esta declaração possam levar ao pé da letra o que lá vem escrito e que todos assumam esses direitos como importantes para os seus povos”. O artista declarou também que conversar com jovens interventivos “é uma alegria muito grande”, revelando que quando começou a fazer música nunca imaginou atingir o nível atual. “É como se fosse um presente pelo número de anos que canto e creio que estou a fazer pelos motivos certos, tanto é que espero que os que querem seguir o mesmo caminho encontrem inspiração, assim como eu encontrei em poemas e pensamentos de lideres mundiais”, confessou Azagaia. Para além dos livros, de pensamentos revolucionários e dos episódios que marcam o quotidiano da sociedade moçambicana, o artista revelou que a inspiração advém do fato de não poder fazer “nada para mudar o que acontece à minha volta, mas como sei que me posso indignar, reclamar ou gritar, faço cantando”, esclareceu.

A plateia do Auditório Carlos Paredes, composta maioritariamente por adolescentes e jovens, elogiou o artista pela coragem, relembrando episódios reportados pela imprensa nacional e internacional dando conta da intimidação, censura e limitação do pensamento do músico por políticos. A ocasião também acolheu a exibição do vídeo baseado no “Poema de Paiol”, um evento trágico que dizimou vidas, feriu e desabrigou várias famílias nas cidades de Maputo e da Matola no ano de 2007.

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