
Devido à impossibilidade dos nossos alunos se deslocarem a Lisboa para representar o seu trabalho, a ex-professora da EPM-CELP, Margarida Duarte, a residir em Portugal, fez a defesa do mesmo com êxito. De acordo com Sónia Pereira, coordenadora do projeto “Mãos na Ciência” e professora de Físico-Química na nossa Escola, a importância do projeto OSOS não se limita à partilha de experiências pois o mesmo fomenta a responsabilidade e o desenvolvimento de uma cidadania responsável. Por exemplo, neste trabalho os alunos de Química do 12.º ano detetaram, nomeadamente, que, em Moçambique, 44 por cento das crianças (dos zero aos cinco anos de idade) sofrem de desnutrição crónica e que na Reserva Marinha Parcial da Ponta do Ouro a população local manifesta carências nutricionais, disse a docente.
O trabalho dos alunos, exposto em Portugal, foi desenvolvido numa das escolas de Matutuíne, onde se estimulou a substituição da refeição habitual de farinha de milho simples por uma enriquecida com a junção de mandioca, milho, feijão-nhemba e moringa. Sónia Pereira contou que, de forma a tornar o projeto viável, paralelamente os alunos, em colaboração com a Universidade Eduardo Mondlane, desenvolveram um método de conservação através de uma estufa para desidratação solar. “A estufa servirá não só para desidratação de vegetais (“xima” enriquecida), mas também para frutos (banana, papaia e manga). Note-se que a maioria dos elementos da comunidade-alvo (crianças e adultos) consome em média uma refeição de xima por dia, ficando assim restringidos aos nutrientes existentes no milho”, explicou Sónia Pereira.

O projeto OSOS faz parte do Centro de Ciência Viva e tem como principal objetivo implementar, em larga escala, um processo de transformação das escolas em ecossistemas inovadores de aprendizagem, atuando como espaços multidisciplinares para a aprendizagem das ciências. Prevê, ainda, o envolvimento de 100 escolas a nível nacional, em que os alunos, desde o primeiro ciclo do ensino básico até ao ensino secundário, são encorajados a desenvolver projetos multidisciplinares que tentam dar resposta a problemas concretos da sua comunidade, envolvendo neste processo as suas famílias, universidades e centros de investigação, parceiros locais (moradores, lojistas, empresas e associações, entre outros), museus e centros de ciência. Com o OSOS pretende-se, acima de tudo, colocar as escolas no centro de uma comunidade ativa, democrática e participativa.
