web educacao.inclusiva1 mar19
Seis professores da Escola Portuguesa de Moçambique – Centro de Ensino e Língua Portuguesa (EPM-CELP) ministraram, de 28 de fevereiro a 2 de março, formações na área de “Adaptações Curriculares e Ensino Experimental Inclusivo” aos professores de Biologia, Física, Química e Matemática do Centro de Recursos de Educação Inclusiva Eduardo Mondlane (CREI), na Macia, província de Gaza.

As sessões incidiram na experimentação e prática de técnicas auxiliadoras do processo de ensino e aprendizagem com explicações sobre metodologias de ensino promotoras da individualização pedagógica e da inclusão. Ana Paula Gomes e Margarida Fortuna, professoras do Departamento de Educação Especial da EPM-CELP, abordaram, na sessão inaugural, a complexidade temática das adaptações curriculares como modelo de inclusão em contexto de sala de aula. Ana Paula Gomes explicou que a efetividade do currículo carece, por vezes, de adaptações do mesmo às necessidades dos alunos, o que implica uma avaliação do conhecimento e das competências do aluno e o reajustamento da metodologia de ensino. Partindo da premissa fundamental de que todo aluno tem talento e potencial para aprender, esta abordagem reforça, para além da inclusão, a autoestima e a melhoria do aproveitamento escolar.

As adaptações curriculares diferem da criação de um currículo especial, de acordo com Ana Paula Gomes. Embora as duas práticas tenham em vista o mesmo propósito de inclusão em contexto de sala de aula, as adaptações curriculares refletem ajustes e modificações operadas no currículo que pretendem responder às necessidades de cada aluno, não pondo em causa o currículo oficial, enquanto o currículo especial incide na criação de um documento distinto que valoriza a realidade sociocultural de cada aluno e respeita as diferentes necessidades dos alunos.

Ana Paula Gomes e Margarida Fortuna consideram que as adaptações curriculares implicam um conhecimento profundo sobre o currículo oficial, as competências e dificuldades dos alunos e os respetivos contextos socioculturais em que estão inseridos para se “saber onde, como alterar, modificar e/ou transformar o currículo”, afirmaram. Nesta linha, aquelas docentes defendem que é papel da escola prover formações de planeamento e gestão curricular e criar meios para que a diversidade integre as aprendizagens a partir de uma interação que enriqueça todos os intervenientes, permitindo aos alunos conhecer distintas maneiras de ser e de viver como forma de promoção de valores como a tolerância e o respeito, desenvolvendo todo o seu potencial.

As sessões da ação “Ensino Experimental Inclusivo”, nos dias 1 e 2 de março, foram ministradas pelas professoras Isabel Loio (Matemática), Margarida Duarte e Sónia Pereira (Físico-Química) e Ana Besteiro (Ciências Naturais), que forneceram ferramentas para os formandos adquirirem novos conhecimentos sobre o experimentalismo no ensino.

“A formação vai contribuir para o desenvolvimento do CREI”
O diretor do CREI, Constantino Sitoe, congratulou a parceria com a EPM-CELP e a humildade com que as suas professoras se apresentaram aos formandos, considerando que a realização da ação de formação “Adaptações Curriculares e Ensino Experimental Inclusivo” reflete o espírito de companheirismo profissional capaz de vencer as dificuldades no terreno. “Disse no princípio que este intercâmbio será eterno pois sei que as relações na educação têm sabores doces. Queremos que a EPM-CELP nos aceite como filhos para que possamos trocar experiências e fazermos da educação de qualidade um propósito alcançável”, afirmou Constantino Sitoe, manifestando a vontade de perpetuar a parceria com a nossa Escola.

web educacao.inclusiva2 mar19Custódio Tembe, professor de ensino primário participante na sessão inaugural, afirmou, por sua vez, que a formação iria descortinar significados valiosos no processo de ensino e aprendizagem, admitindo que “trabalhávamos numa escuridão e fazíamos coisas sem noção e de forma errada, acrescentando ser possível “que alguns professores estivessem, já há muito, a caminhar orientados, mas muitos de nós não tínhamos noção dessas ferramentas”. Num outro desenvolvimento, Tembe alertou para a necessidade de a EPM-CELP e o CREI continuarem a promover a capacitação e intercâmbios de professores das duas instituições de ensino para melhor servirem os alunos. Em contexto de sala de aula, a grande dificuldade assumida pelo docente residia, por exemplo, no receio de associar aprendizagens diversas numa mesma disciplina, ou seja, “tínhamos medo de falar, por exemplo, da Matemática na aula de História”, declarou Custódio Tembe. Já Clávia Vilanculos, professora de Biologia e Química, referiu que a troca de experiências iria trazer uma nova dinâmica no CREI e rasgar novos horizontes, pois “fazíamos as adaptações curriculares, mas não de forma regrada, mas agora aprendemos que é possível adaptar os currículos sem prejuízo de omissão de conteúdos”, concluiu.

A ação de formação “Adaptações Curriculares e Ensino Experimental Inclusivo” foi uma organização do Centro de Formação da EPM-CELP.
 
web educacao.inclusiva3 mar19

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