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Na primeira edição do “Encontro com Escritor”, realizada ontem no Auditório Carlos Paredes, alunos do oitavo ano do ensino básico da EPM-CELP receberam a visita de Rogério Manjate que, de forma leve e descontraída, desvendou a origem das suas paixões literárias e agruras na arte da escrita. O propósito foi dar a conhecer aos alunos a condição de escritor e debater o livro “Wazi”, da autoria de Rogério Manjate, publicado pela nossa Escola.

A conversa, que durou cerca de hora e meia, seguiu, quase, a ordem cronológica das paixões do escritor: a agronomia, o teatro, a docência, a literatura e o cinema, que fazem de si, segundo disse, “um homem completo”. Sobre o livro infantojuvenil “Wazi”, lido e interpretado em contexto de sala de aula, Rogério Manjate particularizou a figura de “Xitukulumukhumba”, que dá azo a trama: “É um bicho de não sei quantos olhos, quantas cabeças, quantos braços, que é capaz de engolir uma aldeia inteira. Porém, essa figura é mítica e, de certeza, que existe em várias culturas”, explicou o também professor de teatro na EPM-CELP, para quem é difícil explicar o surgimento da sua paixão pela dramatização teatral. “O que me inspirou a fazer teatro foi a vida. Sabe, às vezes a gente entra em contacto com coisas que, em algum momento, elas nos libertam. Pode ser porque assistimos a um ensaio de música, dança, teatro ou porque lemos um livro e achamos que, também, somos capazes de dizer algo parecido. Então, foi assim que aconteceu comigo”, confessou Rogério Manjate.

Questionado por um dos estudantes se estaria arrependido por ter escolhido seguir teatro profissionalmente, Rogério Manjate respondeu que não, garantindo que a sua vida faz sentido na e pela quinta arte: “Nada mais me interessou. Mas vivendo num país em que estamos, Moçambique, é preciso ter um jogo de cintura: perceber o que podes fazer e até onde podes fazer”. Rogério Manjate confessou que “foi através de teatro que comecei a escrever e, hoje, estou aqui convosco a tratar de literatura”.

Para o autor de “O coelho que fugiu da história” e “Cicatriz encarnada”, entre outras obras, a sua escrita foi sempre inspirada pelas peripécias que marcam os seus dias. Ou seja, para Rogério Manjate a escrita pode nascer de episódios isolados, “mas é preciso que se seja criativo para transformar aquele episódio banal em algo interessante”, confessou, adiantando que “a vantagem da escrita é ser autobiográfica pois usamos, muitas vezes, as nossas histórias para problematizar a vida, porque essa é uma das formas do conhecimento do mundo”, concluiu.

Faira Semá, professora da disciplina de Português, referiu que o “Encontro com escritor” foi realizado no âmbito da atividade de leitura do livro “Wazi” de Rogério Manjate, dando aos alunos a oportunidade de contactarem o autor e desmitificarem dúvidas e curiosidades sobre a obra, de forma descontraída e didática.

A iniciativa “Encontro com escritor” foi organizada por os seus promotores considerarem importante que o aluno conheça a história do escritor, quais os processos de escrita e criação pelos quais o livro passou e, principalmente, quais as referências e experiências de vida que o autor incorpora nas suas obras.

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