
Os irmãos Queiroz, Ana na escrita e Paulo na ilustração, estrearam-se no mundo da publicação literária. A cumplicidade artística, que transcende os laços sanguíneos, fez brotar o conto “Tangerina” em livro lançado ontem à noite no Camões – Centro Cultural Português em Maputo, perante figuras ligadas às artes e letras, professores, amigos e familiares da escritora. A obra é chancelada pela EPM-CELP que, assim, perfaz o 26.º título inscrito na série infantojuvenil do seu catálogo.
Enfrentar mudanças é o desafio que o livro propõe aos leitores, levando-os a fazerem parte de uma realidade construída a partir da tolerância, do amor e das transformações constantes suscitadas pelo nascimento ou surgimento de mais um membro na família. Tão intrínseco quanto comum, o livro narra a história de uma menina que se confronta com o dilema de recuperar o seu lugar no quarto dos pais, após o nascimento da sua irmã, ou enfrentar as primeiras dores de crescimento ao dormir sozinha. O nome que os pais lhe deram e a imaginação que fervilha nos seus caracóis, vão conduzi-la a um daqueles caminhos, passando por inúmeras peripécias.

Quanto ao título da obra – que nos remete para a imagem de um fruto -, Ana Queiroz revelou que “Tangerina” faz parte do seu imaginário. Ou seja, “era o nome que eu queria dar à minha primeira filha, mas depois cheguei à conclusão de que era um nome extravagante, maluco. Então, decidi usar para um livro e não para a vida real”, disse.
Na abertura da cerimónia de apresentação do livro, a diretora da EPM-CELP, Dina Trigo de Mira, reiterou o compromisso da nossa Escola em fazer chegar o livro aos leitores destinatários, destacando a sua inclusão nas maletas de leitura, dinamizadas pelo projeto “Mabuko Ya Hina”, e em acervos de vários projetos de incentivo à leitura e à escrita.
Na apresentação da obra, Rogério Manjate transportou as 29 páginas do livro, divididas em três capítulos, para o palco onde dramatizou a solo a história da nova publicação. Personagens como a Tangerina, a mãe, a irmãzinha, a família das raposas, os caracóis, os monstros; sentimentos como o medo, o pavor, as curiosidades e todo o cenário característico das árvores, da sala, do quarto, ganharam vida e significados múltiplos no rosto, gritos e gestos de um homem que se apresentou à plateia apenas com um cachecol sobre os ombros.
A obra “Tangerina” já fora previamente apresentada aos alunos do pré-escolar e do primeiro ciclo do ensino básico da EPM-CELP. Ana Queiroz estudou cinema e vive há 10 anos em Maputo. É onde, segundo revelou, construiu família e rejuvenesceu o seu amor pelo cinema.