“Como se aprende: mitos e, sobretudo, dúvidas” foi o tema da palestra proferida por Lia Oliveira, investigadora da Universidade do Minho (Portugal), aos alunos do nono ano do ensino básico da Escola Portuguesa de Moçambique – Centro de Ensino e Língua Portuguesa (EPM-CELP). A comunicação, realizada no Auditório Carlos Paredes no passado dia 1 de março, teve como pano de fundo as novas tecnologias relacionadas com a filosofia e as neurociências.
O objetivo da palestra foi sensibilizar os alunos para a mensagem das neurociências sobre os processos de aprendizagem, fazendo-os pensar que, paralelamente, “filósofos e pedagogos, na antiguidade, chegaram às mesmas conclusões que em 2017 chegam as neurociências mais avançadas”, tal como referiu Lia Oliveira. Neuromitos como “só usamos 10% do nosso cérebro”, “ouvir Mozart acalma e torna as pessoas mais inteligentes”, “é preciso aprender uma língua materna para poder aprender uma segunda língua” e “a ingestão continuada de bebidas com cafeína reduz a atenção” foram temas desconstruídos no decorrer da palestra.
Lia Oliveira apresentou, durante a sessão, factos que mostram que o ser humano aprende todos os dias e de forma continuada, tal como a atividade física gera neurotransmissores que melhoram o estado de alerta, atenção e motivação; ou a educação artística e musical melhora a capacidade intelectual e o rendimento académico, bem como os jogos e as artes cénicas permitem converter o abstrato em concreto, aumentando a autoestima, o autocontrolo e a disciplina. Mostrou, também, como as emoções são indissociáveis do processo de aprendizagem, concluindo que “quando nos sentimos bem, somos pessoas mais empáticas e resolutivas”. Nesta linha, Lia Oliveira defende a ideia de que aprender muda o cérebro e que, independentemente da vontade, o indivíduo está sempre a aprender porque tudo o que sentimos e fazemos muda o nosso cérebro.
A investigadora do Instituto da Educação da Universidade do Minho mostrou-se confiante na recetividade da mensagem por parte dos alunos da EPM-CELP, até porque, afirmou, “venho para conhecer e trocar ideias com outras pessoas e outras realidades”. Não foi a primeira vez que Lia Oliveira esteve na EPM-CELP – participou num congresso em 2007 -, mantendo a ideia que então ganhou: “a EPM-CELP continua a ser um oásis na cidade de Maputo”, declarou.