O que é o amor? Como se ama num mundo tão complexo? A dificuldade em perceber o sentimento, a atração físico-sentimental, a mistura de sensações provocadas pela adrenalina, dopamina e serotonina, entre outras substâncias, motivou a equipa do Plano Nacional de Cinema (PNC) da nossa Escola, em coordenação com o departamento de Ciências Exatas e Experimentais, a realizar, no Auditório Carlos Paredes, um debate intitulado “Vamos Fazer Amor? – (Re)significados”. O evento, que contou com a presença e intervenção de alunos e professores do nono ano do ensino básico e do autor do filme “I Love You”, Rogério Manjate, visou, num plano transdisciplinar, pensar e repensar o afeto entre os seres humanos.
A sessão, realizada anteontem (11 de dezembro), abordou a temática sob vários prismas, sequenciando uma dramatização, a visualização e análise da fotografia “A luta continua” de Mauro Pinto e as exibições e análises dos filmes “A Bola” e “I Love You”, de Orlando Mesquita e Rogério Manjate, respetivamente, procurando desconstruir os significados do amor, muitas vezes inflexíveis, nas várias áreas do saber humano.
Após o visionamento dos filmes, os alunos envolveram-se na descoberta das mensagens dos mesmos, sobretudo na identificação de semelhanças nas definições do conceito Amor presentes nas películas. Seguiu-se um debate com a presença de Rogério Manjate de quem os alunos quiseram saber qual a ideia de amor presente na sua curta-metragem “I Love You”, distinguida como a melhor em 2009, no Festival de Cinema Africano, em Tarifa (Espanha) e em 2008, no Edimburgo African Film Festival e no Festival Internacional de Cinema de Durban (África do Sul). Perante a insistência dos alunos, o também escritor, ator, encenador profissional de teatro, contador de histórias e professor confessou que o filme “I Love You” é uma revisitação às suas memórias de infância no seu bairro, acrescentando que o personagem “Madala” representa a figura de uma criança que, confessou, podia ser ele próprio.
Sequencialmente, o debate abriu espaço para reflexões em torno do sentimento de amor nos humanos sob ponto de vista cientifico, passando pela questão da violência no namoro e pela importância do amor próprio e da autoestima.
A sessão terminou com os alunos a registarem no papel as suas ideias, preocupações e dúvidas não expostas publicamente no debate, as quais foram colocadas numa caixa para exploração posterior dos seus conteúdos noutros contextos de aprendizagem. A sessão prosseguiu com um momento de abraços entre as dinamizadoras que representavam as diferentes áreas conceptuais do debate, como forma de sintetizar as temáticas tratadas e de fazer sentir a necessidade da flexibilidade intelectual face a um objeto de estudo comum, um gesto extensivo a todo o auditório, a pedido dos alunos.
A equipa do PNC da EPM-CELP pretende, com o conceito de “open doors” adotado para o corrente ano letivo, consciencializar os alunos para a importância e valor dos saberes transdisciplinares e integradores, que agregam várias dimensões artístico-culturais. Por exemplo, o cinema pode permitir o conhecimento de nós próprios e da nossa cultura, através da identificação de uma causa ou personagem, e também a compreensão do outro e de outras culturas, o que é essencial para desfazer sentimentos de intolerância e preconceitos, ainda muito presentes no nosso quotidiano.