Que muito decerto pecados têm
Figos, vinhos e trigos roubados
Tudo lhes dizem negado também
Mas os pobres amigos, então
- pobre cleptomaníaco doente -
Juram que fome não passam, corpo são
Apenas são da nova fé novo crente
Nova fé de facilitismo
Que tão bem lhes, nos tem feito
Bela fé por fanatismo
Douta doutrina a defeito
Mentem que mentem coitados
Sabendo pr'amparo de ninguém
Pobres gregos vendados
Da venda q' nem a Justiça tem
E das três petas esforçadas
Nem já uma de pé se mantém
Mantém-se, é certo, o trajado
Queima-se no sonho o vintém
Até me alivia a mente
Mas pesa no coração
Olhar a gente temente
A tão crer no ladrão
Se anda o ladrão bem treinado
Do roubado também o dizer
De todo se nos sai equivocado
Não tudo queiras sem poder
Não podiam ter o que querido
Mas jamais esmorecer:
Agora sonham no tido
Sem ter ou crer ou haver
Também eu sonhei, e alto pois
Aqui se distingue homem e ave
Estas só voam para a nave
Aquele o Mosteiro por cá pôs
E aí cessa qualquer diferença
Que de maledicência me cansei
Por aqui encerro a querença
Que falt'ó Povo um rei
Nunca, jamais, biltres, não!
Demais é, basta, finit, final
Arrependam-se, largue o osso seu cão
Que termina ora o Carnaval
Por ora termina e oramos
Pelos de cá e de longe
Jamais canso ou protestamos
Da nossa paciência de monge
Mas tanto estica, seca a corda,
Que cedo não mais prestará
Arrebatante sede que acorda
Sem água, ambrósia ou chá
Já pagam e mais pagarão
Mais que os juros do consolo
Paga car'a honra da Nação
Cai-lhe o menino no chão
Miguel Padrão (12.º A1)


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