O livro de Mia Couto "A Confissão da Leoa" apresenta, sem dúvida, as mulheres da aldeia onde decorre a história como tema principal, embora isto só se torne claro através de uma análise subjetiva à obra.

Quando se conta a história das mulheres, abordam-se todos os aspetos a elas associados, mas, neste caso, o que mais se salienta é a violência não só física, mas também psicológica, que elas sofrem. Na aldeia de onde Mariamar é oriunda, as mulheres não são nada e na opinião do autor elas já nascem mortas, pois não podem escolher o que querem para as suas vidas, não têm opinião, elas apenas existem fisicamente, o que se evidencia através do excerto: "A mulher não respondeu. Preferir não era um verbo feito para ela. Quem nunca aprendeu a querer, como pode preferir?" Foi por isso que Mariamar afogou as suas irmãs mais novas e matou Silência, porque não queria que elas sofressem mais, não queria que elas sofressem o que ela sofria.

Nenhuma das mulheres era livre de viver, nem Hanifa e nem Naftalinda, que, apesar de não ser abusada fisicamente pelo marido, não lhe era permitido pensar e agir como os homens. Nem a mãe do caçador, que vivia muito longe daquela aldeia, era respeitada.

Concluo, assim, que é através da abordagem dos seus problemas que a sociedade melhora e ao escrever este livro Mia Couto evoca os problemas das mulheres da aldeia e da cidade, iguais em todo o mundo.