
Resuma o homem o tempo
Esquecendo o dia a passar
Ouvindo o rumor do vento
Tanto quer ver além
Que de perto se ofusca
E parte, sem vintém
Rumo ao fim que tanto busca
Ninguém jamais tal mal lho disse
Mas fim não se encontra nunca
Não se conhece quem visse
Destino à tal trilha adunca
E enfim, velho demais cansado
Corridos montes, vales profundos
Chega um dia, defraudado
Ancora nos sonhos rotundos
E o que vê, degradado
O que tira do degredo fundo
Donde só, abandonado
Não o tira senão imundo?
Talvez ao se saber perdido
Pense em voltar atrás
Talvez só vendo o sentido
Sinta não ser capaz
Talvez agora mire atrás
Como antes fitava à frente
Procure amparo tão capaz
Como preciso e premente
Ser pensante, introspetivo
Não soube o tempo condensar
E dele, somente dele cativo
Todo o voo viu despenhar
Pobre triste enjeitado
Perdeu-se todo ao pensar
Nem viveu e, danado
Agora é só lamentar
Não viveu quando podia
E agora sequer pode ser
E s'er'antes curta a via
Hoje nem esperança, sequer
Perdeu-se, agora é tarde
Para viver o que já vai ido
Salve-se a alma com alarde
Que o corpo, esse está perdido
Miguel Padrão (12.º A1)
