Princesa de instintos fatais
Tombada de costas na escória
De intenções tão pouco cabais
Não te deites, ó marquesa
Que não sabes dos finais
Desta história ninguém reza
Vide e pensai, animais
Nem condessa, nem duquesa
Já nem por elas esperais
Que se a vós a dívida pesa
O que dizer dos demais?
O que dizer dos honrados
Que cumprem o prometido
Dos lutadores e esforçados
Do honesto e comedido?
Como podes, falsa princesa
Concordar com tal discórdia
E afogar em tristeza
Tu' herança de glória?
Como podem tais mentiras
E Falsidades bacocas
Levar inocentes às piras
Tentar as almas mais poucas?
Recostada ao já poente
Passado e, contemplativa
Espera pobre a indolente
Por arrancar a sativa
Semente que já não pode
Persistir sim em mentira
Já toda a peça implode
Sem que a princesa se fira
Ficará só a gentil
Ladeada de seus ursos
Fechada no seu covil
Seu pavilhão multi-usos
Primeiro uso a ganância
Segundada pl' intenção
Dos calotes, ignorância
De não pagar a tenção
Tenção já paga p'l' Europa
Com juros de devoção
O que querem mais, ó gregos?
Tempo, dinheiro, perdão?
Não vos basta, questiono
Tudo o que vos já demos?
Exigem agora, qual mono
Syriza, Cinco Estrelas, Podemos
Não pagam, sabemos
Dizem e alegres balem
Levadas ovelhas, clamemos
Que falham e tombam e falem
Mas o que me pesa, condoído
Não é o balido dos mudos
É sim dos fortes o ruído
Que se cala, taciturno
E enquanto tudo isto corre
Arrasta-se da Europa a vida
Sua vida e, triste, morre
Morta e maçada, morrida
Que lhes recordem os deuses
Que os inspirem as musas
Que, mesmo não sendo só deles
Talvez lhes toldem as obtusas
Visões de vã inconsciência
Inconsistência por demais
Deixai isso, amados gregos
Retornai sim dos Infernos
Aceitai os "capitais"
Percebei que os mercados
Não são sobrenaturais
Nem tão pouco animados
De interesses animais
São vocês os vossos mercados
Credores da vossa palavra
Cumpram-na que, acabados
Recompensa magna se vos abra
Miguel Padrão