web escola.epmHá muito que tinha prometido este texto, mais não fosse, a mim próprio, e talvez ainda há mais que o planeava intrincadamente. Como certamente o denotarão, este ano não foi particularmente generoso no que quer que diga respeito aos meus, por si só duvidosos, dotes de escrita. No entanto, sentia, mais do que todas as promessas anti procastinadoras que possa citar, uma forte e inquebrantável necessidade de vos escrever. Talvez pelas saudades que me deixaram, pela melancolia que sempre me afetou, pela necessidade de, pelas palavras, vos reencontrar na nossa grande casa amarela. Para, agora que o sol retornou a este pequeno jardim luso, poder olhar pela janela e fitar os pavões engalanados, os “parrots” repletos de criançada, as buganvílias encarnadas, roxas, amarelas. Para olhar pela janela e não só pensar, não só imaginar, não só sonhar, mas consubstanciar-me aí.
web escola.epmHá muito que tinha prometido este texto, mais não fosse, a mim próprio, e talvez ainda há mais que o planeava intrincadamente. Como certamente o denotarão, este ano não foi particularmente generoso no que quer que diga respeito aos meus, por si só duvidosos, dotes de escrita. No entanto, sentia, mais do que todas as promessas anti procastinadoras que possa citar, uma forte e inquebrantável necessidade de vos escrever. Talvez pelas saudades que me deixaram, pela melancolia que sempre me afetou, pela necessidade de, pelas palavras, vos reencontrar na nossa grande casa amarela. Para, agora que o sol retornou a este pequeno jardim luso, poder olhar pela janela e fitar os pavões engalanados, os “parrots” repletos de criançada, as buganvílias encarnadas, roxas, amarelas. Para olhar pela janela e não só pensar, não só imaginar, não só sonhar, mas consubstanciar-me aí.

Para vos agradecer, para muito humildemente me mostrar grato por todos os anos que - agora vejo - foram por decerto dos melhores da minha vida. Para, enquanto revejo os fantásticos professores que tive o privilégio de encontrar, voltar às aulas que tão bem preencheram 12 anos da minha vida. Para reencontrar os laboratórios, as salas de aula, a biblioteca, o auditório. Para revisitar os corredores que, um ano depois, já me parecem preencher um plano intermédio de realidade, perigosamente afastado e posto à deriva no largo oceano da memória por alguma vaga de nostalgia.

Para vos agradecer por tudo, para agradecer à professora Olga pelas fantásticas aulas a discutir o sermão de Santo António, à professora Ana Catarina pelo abanão que nos deu e que me obrigou a crescer. Ao professor Pedro Malheiro pelo estilo arrojado e moderno com que nos acolheu no “secundário”. À professora Haffsuate pelos quatro anos em que aturou, com todo o carinho duma avó, as irreverências duma turma de pequenas "pestes". Para todos que, não citando aqui, por simples impedimento de espaço, jamais verão negado espaço no meu coração.
Para a fantástica direção e coordenações que, embora sempre ocupadas com os normais e urgentes assuntos da gestão escolar, conseguem também mostrar e deixar bem impressa a sua marca nas inúmeras gerações de estudantes, de futuros homens e mulheres, de infinitas flores que, com o seu desabrochar, trarão muitas novas primaveras ao nosso mundo, que por sinal bem delas necessita.

Para os meus colegas, finalmente, que, por decerto já desconfiam da minha imparcialidade, supondo ser este mais um dos infinitamente monótonos textos que, confesso, sempre me entediaram a mim, com a correção política que desconfiam estar-se aqui mesmo a desnovelar. Apenas para os abraçar com um abraço que num ano envelheceu vinte e para vos rogar que aproveitem, carpe diem, VIVAM, e saibam tirar partido de estarem numa das mais privilegiadas e, arrisco dizer, infelizmente subvalorizadas instituições de ensino do sistema educativo português.
Doze e como passaram! Mas, em jeito resumo, olhando hoje o oceano de memórias que por aí deixei, constato que não o podia jamais ter deixado em melhores mãos. Jamais arranjaria mais fiel guardião do que ainda me arrependo de ter calado e devia ter dito. Jamais poderia reviver o esforço para ajudar a criar a Associação de Estudantes, para participar em duas eleições e perder, jamais me poderia relembrar disso ser não aí. Jamais teria confiança noutros para guardarem os socos que tive que receber, os abanões que tive de sofrer para aprender a levantar-me e recompor-me. Não há mais lugar algum no universo que me permita virar e, como que numa galeria, apreciar os quadros do que vivi, de como cresci.

Talvez este texto pareça demasiado póstumo, demasiado lamechas ou extremadamente sentimental, mas o atraso deste texto, este ano de hiato, este ano de silêncio, apenas serve para mostrar o quanto significam para mim.

Demorei um ano, mas tinha de escrever. Porque, afinal, serei sempre aluno da EPM-CELP. E com todo o orgulho do mundo.

Miguel Padrão (ex-aluno)Miguel Padrao

--<>--<>--<>--<>--<>--<>--<>--<>--

Topo