Então, dirigi-me a ela:
- Cinderela?
- Sim, sou eu. Estou perdida, preciso de ajuda porque já estou atrasada. – disse ela.
- O que te aconteceu?
- Uma menina, com os seus oito anos, leu a minha história tão alto, tão alto, que eu vim parar cá fora do livro. Agora preciso de encontrar o meu livro, mas só consigo entrar se o príncipe encantado me vier buscar.
- Então, mas como é que sabes que o príncipe encantado te vem buscar? - perguntei-lhe eu.
- Ele já deve ter saído do poço mágico n.º 27, que é o poço da nossa história.
A Cinderela e eu fomos caminhando pela cidade de Maputo até ao poço n.º 27, mas, a certa altura, eu parei. Seria impressão minha ou tinha visto uma coisa verde a esvoaçar no ar? Perguntei-lhe se também a tinha visto e ela respondeu que não e acrescentou que ia contar-me um segredo. E, assim, confidenciou-me:
- Eu e todas aquelas personagens dos contos de fadas, das histórias infantis que tu lês, somos produtos da tua imaginação. É a tua imaginação a falar contigo!
Surpreendida, continuei a andar e vi a Sininho, a Rapunzel, o Batman e o Chapeleiro da Alice do País das Maravilhas. Personagens que eu tão bem conhecia!...
Entretanto, a Cinderela diz:
- Já estou a avistar o poço: é aquele. – apontou ela.
Era um poço cheio de brilhantes e estava lá gravado “Cinderela, uma história de encantar.”
O príncipe estava lá à espera da Cinderela, com um envelope real para mim. Estendeu-mo e disse:
- Entrego-te isto em nome da realeza das histórias.
Eu abri o envelope e li:
Querida Adriana,
Este envelope é um agradecimento por todos os livros que já leste e releste. Quando quiseres podes vir à nossa cidade mágica. Para isso basta dizeres as seguintes palavras “ jujaju bacalhu”.
A Cinderela, por sua vez, disse-me:
- Adriana, isto era um plano para receberes a carta. Agora tenho de ir. Vou casar-me com o príncipe encantado. Vemo-nos quando decidires ir à nossa cidade.
Eu, comovida, prometi:
- Em breve lá estarei.
Adriana Noivo (8.º F)