Um planeta muito pequeno
Tenho muitas saudades de ter responsabilidades, de abraçar os meus colegas, saudar os meus professores e sentir que a minha escola era a minha segunda casa. Tenho saudades dos atritos, diferenças de opinião, e até as mais banais tolices vividas com os meus colegas. Estou a descobrir que afinal o Planeta é muito pequeno pois, perante esta situação mundial, todos sabemos de todos – e é com muita tristeza que vejo que o que nos une é uma grande desgraça. Tenho tantas saudades de acordar despreocupada e sair de casa feliz por ter uma vida igual à de tantas outras crianças.
Tão longe e tão perto
Aqui em casa, para atenuar o sofrimento, entenderam que as notícias já não são um polo de interesse, de forma a evitar-me ansiedade e angústia; mas, quando falo com os meus colegas, este é um tema ao qual não podemos fugir, pois estamos todos tão perto e tão longe uns dos outros.
Refugio-me em trabalhos manuais, em livros e filmes, mas vou descobrindo que o vazio aumenta, pois os afetos e as relações pessoais são muito importantes para mim.
A nossa vida é feita de rotinas, e mudá-las de modo súbito e forçado causa uma sensação de ameaça maior. As mudanças requerem um tempo de readaptação que, dadas as circunstâncias, não tivemos, e isso leva-nos a um aumento dos níveis de medo, ansiedade e depressão.
O que fica claro no meu coração é que na vida nada é garantido, e isso dá-me muito medo pois a tranquilidade da minha vida era garantida pela liberdade que tinha – e eu que nunca pensava nela nem a valorizava.
Continuo sentada, como tantas outras vezes, mas tenho a esperança de que todo este pesadelo que a Humanidade está a viver possa valer a pena, isto se a humanidade também mudar. Um mundo melhor nos espera. Um mundo de amor, paz, harmonia, união, entendimento e respeito. Sim, respeito uns pelos outros, pelos animais, pela natureza e pelo nosso Planeta.”
Aynowa Fonseca (9.º E)
Republicação do texto inserto na revista
“Visão Júnior” de Portugal
“Visão Júnior” de Portugal