113 p26 chocolateSó outra segunda-feira, mais normal não poderia ser, casa-escola-casa, lá sabia eu que isto iria tornar-se numa experiência para além do invulgar, nem sei como a descrever...

Depois de umas dolorosas e intermináveis dez horas de escola, lá vou eu comprar as típicas bolachas de chocolate, para ver se encontro alguma motivação para estudar. Ia a descer a rua de S. Domingos, sombria e tristonha pela quantidade de prédios antigos, outrora belos, mas sem qualquer tipo de intervenção há quase um século, e muito movimentada como sempre, dado a quantidade de lojas e mercadinhos que por lá imperam, quando vejo, ao longe, uma cara conhecida.

Era a Inês, com o seu cabelo meio liso meio encaracolado a esvoaçar, a sua superconhecida “t-shirt” com a frase motivadora “Let it be”. Trazia um conezinho de gelado na mão que ia desaparecendo deliciosamente.

Notei que algo estava diferente nela, podia ser o seu modo de andar, o facto de ela ter olhado para mim e escondido a cara com o cabelo e não me ter dirigido a palavra. Ao início não percebi, mas depois reparei que ela trazia uma trela. Nada de suspeito se fosse o seu cão, mas o que estava preso à trela não era tão felpudo, não caminhava em quatro patas, não era castanho nem pequenino. Era a irmã dela! A Marta! Pestanejei várias vezes não fosse estar a sonhar. Pensei, para comigo, “Pronto, o mundo enlouqueceu ou o mais provável, eu enlouqueci. Bem me pareceu que aquelas bolachas ao custarem noventas meticais tinham de ter algo de errado”. Eu sabia que a Inês dizia que a irmã era insuportável, mas chegar ao ponto de lhe pôr uma trela? Não conseguia tirar aquela imagem da cabeça... então corri em direção àquela situação caótica.

Chegando lá, constatei que era mesmo a Martinha, na trela, conversando calmamente com a Inês sobre os presentes que ia pedir ao pai no natal. Desapertei a trela do pescoço da pequena com tal desespero ao mesmo tempo que lhe perguntava se estava bem.

No momento em que larguei a trela, a Inês começou aos gritos, desvairadamente, porque o cão tinha fugido e a culpada tinha sido eu que o tinha soltado...que grande confusão, que pesadelo... “Inês, mas que cão? É a tua irmã.” Dizia-lhe eu, tentando acalmá-la. Ela olhava para mim com horror, os olhos já não eram mais aqueles olhos doces que eu tão bem conhecia. Quando apontei para o lado, para a Inês ver a irmã, vejo o cão a meter-se por entre os carros e a desaparecer do meu olhar.

Num ápice tudo fica branco...
113 p26 teixeiraMaria João Teixeira (11.ºA1)
Texto produzido em ambiente de Oficina de Escrita

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