
- Olhem lá, a mim já me riscaram todo... - suspirou o dicionário.
- E a mim!? Já ninguém me lê! – desabafou o livro da Branca de Neve – quando eram pequenos lutavam por mim , mas agora já acham que são grandes e que leem livros sem desenhos.
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Por acaso gostaria de estar no teu lugar- barafustou o Atlas Geográfico - porque a mim não me deixam descansar um minuto. Vem um pega, outro abre, outro vira...
- Olha que comigo foi muito pior!!! – gritou o livro de futebol - levei uns bons pontapés no rabo de um pequenote. Não sei se disse alguma coisa de mal ou se foi por causa da bola de futebol ilustrada na minha capa e contracapa.
Foi-se criando, então, uma grande confusão e foi no meio dessa confusão que todos os livros combinaram recusar serem lidos. E foi assim que ninguém, dos que frequentavam aquela biblioteca, conseguiu abrir um livro que fosse (a não ser um pequenote que conseguiu abrir um, mas que, de imediato, se fechou entalando a cara do menino).
Foram todos queixar-se à professora de Língua Portuguesa e ela, não acreditando no que ouvia, ficou ansiosa e resolveu pôr-se em ação. E quando lá chegou viu a Enciclopédia em cima de três cadeiras a berrar:
- Ou vocês nos tratam bem ou nunca mais ides ler nenhum de nós!
Perante aquela ameaça e sabendo que não poderiam nunca viver sem livros, um dos alunos presentes propôs um pacto:
- Calma, calma! Bem sabem que sem vós, nada somos. Já imaginaram estudantes sem livros!? Sugiro que a partir de hoje se forme a "equipa de defesa ao livro", composta por um livro grande e importante, um aluno exemplar e outro com dificuldades de leitura e ainda um professor de Língua Portuguesa. Este grupo deve reunir sempre que necessário para resolver problemas relacionados com maus tratos aos livros. Todos nós vamos também ficar atentos e cuidar bem de vocês.
Todos concordaram e a partir desse dia a biblioteca da EPM-CELP passou a ser um lugar de grande harmonia e alegria para todos.
Iano Carvalho (5.º B)