Pois eu proponho que nos imaginemos todos a viver sem nunca termos aberto um livro. Dir-nos-iam que é muito interessante ler, que é divertido imaginar a forma física do que lá está escrito e explicar-nos-iam o que é dito no livro. E nós acreditaríamos de bom grado, pois isso seria a melhor informação que tínhamos. No entanto, se um dia resolvêssemos abrir um livro será que nos depararíamos com as mesmas sensações, as mesmas opiniões? Talvez, mas também era muito provável que discordássemos em alguns ou até em todos os aspetos.
Não somos obrigados a ter as mesmas opiniões do que os outros, pelo contrário, é muito pouco provável que duas pessoas pensem exatamente o mesmo sobre tudo. Ora, se sabemos isto e se admitimos que é normal eu não gostar de livros da mesma forma que um amigo meu e que é normal vinte pessoas gostarem de vinte coisas diferentes, temos a obrigação de entender que, viver segundo os olhos dos outros, segundo as diretrizes dos outros, não é viver, mas, sim, ser um passageiro na vida alheia.
Deste modo, sugiro que abramos um livro, que tentemos, quando falamos, distinguir a nossa opinião da opinião do mundo, já embutida no nosso cérebro. Sugiro que larguemos os preconceitos, os dogmas mundanos e tudo o que nos foi dito até agora e comecemos a pensar no que nós realmente queremos e acreditamos, no que nós próprios consideramos certo.
Iva Gonçalves (10.º A2 – 2012/2013)