Era uma vez um reino, amarelo, ensolarado e plantado à beira-mar, cuja população estava descontente, pois considerava estar a ser discriminada, mas também esquecida pelos seus governantes. Como em Democracia (e, neste caso particular, eu sou testemunha) são sempre os cidadãos a ter razão, esta coroa imaginária - ou nem tanto - foi por mim ou por eles imaginariamente julgada.

Deveras difícil foi o trabalho de apurar a responsabilidade de um determinado crime, ato ou acontecimento. Além de ser influenciado por diversas variáveis externas, o próprio autor tinha de estar na posse da razão para poder ser responsabilizado. No entanto, um exercício de catarse não foi custoso de realizar, facilitando, em muito, toda a gestão do trono. E assim começa a sentença, sem réu, mas apenas com uma consciência, que espero responder por todos nós: "Como puderam deixar-nos, abandonados, enquanto uma pandilha maquiavélica nos assaltou e vexou, assobiando para o lado e nada mais fazendo senão incentivar campanhas patéticas de propaganda para lavagem cerebral? Como puderam ausentar-se num eterno jantar num palácio distante, nunca estando disponíveis nos seus postos quando necessário? Como puderam desfazer o país em momentos tão importantes, envergonhá-lo publicamente, obrigarem-no a ficar de calças na mão? Como podem não ser responsabilizados por tudo o que fazem, fizeram e, se não agirmos, farão?

A incompetência deve ser responsabilizada, criminalmente se possível. Desta forma, todos quantos foram e são responsáveis pela situação atual (de políticos a gestores, de deputados a diretores, de funcionários a banqueiros) deverão ser sentados no banco dos réus: não foram eles que, de uma forma ou de outra, blindaram todos os contratos com os credores que agora renegam, de tal forma que, actualmente, ninguém sabe o segredo ou como desatar este nó Górdio, obrigando os atuais governantes a tentar arrombar a parede de ajustamento alternativo (que, apesar de pessoalmente considerar ter efeitos mais duradouros na estrutura do edifício do Estado, é quase, unanimemente, reprovada pela sociedade civil) num contrarrelógio desesperado que poderia ser evitado e que só aumenta a ansiedade e o sofrimento do povo português.

Infelizmente, desde sempre o discurso demagógico tem mais influência na sociedade, em particular em momentos de crise económica, social e pessoal – afinal, são ou não as sociedades, mais que tudo, formadas por indivíduos, que lhe dão todas as suas características e particularidades? - como o que atualmente vivemos. Se analisarmos o comum dos mortais (nos quais, aliás, me incluo), este preferirá um hipócrita que lhe consegue contar uma fábula e entretê-lo (Pão e Circo, um velho lema que continua atual) com uma mentira caridosa do que uma figura mais austera e séria, que o confronta com a verdade, administrando-lhe toda a medicação pós-ressaca, que, apesar de dolorosa e desconfortável, é estritamente necessária.

O nosso declínio estava há muito traçado: no momento em que se iniciou uma tresloucada "corrida aos direitos adquiridos", escudados numa constituição de cariz marcadamente socialista e demasiado protetora da manutenção de quadros incompetentes, pagos pelas contribuições de todos, vivendo subsidiados pelo orçamento geral de um Estado para que parcamente contribuem, o destino do País foi vincado.

Um país, uma empresa, uma escola, que da humildade, modéstia, honestidade, espírito de sacrifício e de luta que imperavam no passado, se transfere para o cinismo, a arrogância, a ganância de funcionários imprestáveis e mal preparados, diretores ausentes, incompetentes e altivos, e para a inconsciência e infantilidade de uma Esquerda órfã de ideologias e de líderes, está condenado ao fracasso e ao colapso. Nada nem ninguém o salvará, nem mesmo um génio.

PS- Qualquer metáfora aqui citada é meramente... metafórica. Não há qualquer intenção por parte do autor em retratar factos ou nomes reais, sendo todas as personagens fictícias.

Miguel Padrão (10.º A2 - 2012/2013)Miguel-Padrao

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