Mas que pleonasmo mais exagerado, parece o meu avô Joaquim a dizer que subisse a escada acima, logo encontraria, saído dum envelope, o recibo do pagamento da luz. Eu, deitado no sofá, recusei o pedido. Mas o olhar sério que me lançou conseguiria convencer qualquer homem no mundo a fazer um favor seu, por mais ridículo que fosse. Subi as escadas que rangiam ao ínfimo toque. Faziam uma algazarra semelhante à zaragata ocorrida no dia anterior, quando o mercador discutia com um dos seus clientes o preço do tomate.
Na última escada, um som diferente começara a pairar no ar. Ouvi com os olhos. Era possível ver o som, tinha muito fogo e cheirava a mofo, havia uma oval preta no meio, espreitei mais ao fundo. Era indescritível a exuberância do lugar observado.
Sentia o cheiro a alegria, campos cobertos de relva verdejante, com belos animais, de pequenos esquilos a grandes zebras. O que por ali não faltava eram flores, vários tipos de flores. E havia um monte. No sopé, avistavam-se árvores das mais variadas espécies, entre o cume e o sopé, névoa branca como a escuridão e escura como a luz.
No cume do monte, esplendorosamente, gloriosamente e majestosamente, apareceu o sonho.
Guilherme Pessoa (7.º A)

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