

No átrio, onde também figura a exposição de memórias, fábulas, prémios, fotografias, biografias, pinturas, desenhos e objetos pessoais de José Craveirinha, sussurros espontâneos e em várias línguas invocaram o mestre, através da sua poesia. Foram o “Poema do Futuro Cidadão” e “Reza Maria” que, nas vozes de alunos e professores, abriram a sessão em homenagem ao escritor que nasceu a 28 de maio de 1922, na antiga Lourenço Marques.

Entre palavra dita, ideias e sentimentos, a sessão envolveu também alunos da Escola Secundária Estrela Vermelha – em coordenação com o projeto Mabuko Ya Hina – que dramatizaram a biografia de Craveirinha, até desaguarem no “Sangue da Minha Mãe”, poesia que convidou o público para o Auditório Carlos Paredes onde se procedeu ao lançamento do seu livro de contos, “Hamina e outros contos”.
“Hamina” e muitas personagens
No auditório, a viagem pela vida e obra de José Craveirinha foi continuada pelos alunos do 2.º ano da Escola, numa reflexão sobre a efeméride. Outros momentos foram protagonizados pelos alunos e professores, em leituras encenadas dos contos e poemas “Hamina faz Haraquiri”, “Enquantas partes”, “Canto azul de Sharperville”, “Cantiga do batelão”, “Quero se Tambor”, “Nessa Noite…Não!”, “Dois Meninos maus estudantes”, “Mesmo de rastos”, numa simbiose rítmica e lírica que também envolveu a plateia.
Sobre José Craveirinha e seus contos, Olga Pires, apresentadora da obra e professora de Português na EPM-CELP, referiu que o livro “não só resgata a história de um tempo marcado por profundas assimetrias sociais, pelo preconceito e pela injustiça, mas mitifica personagens recuperadas do quotidiano trivial dos bares, dos cafés, dos cabarés e dos convívios do autor onde, a pretexto da noite, se revelam as verdades mais cruas e trágicas. Personagens como Daíco (Eurico da Silva), Sontinho (projeção do próprio Craveirinha), as prostitutas, os magaízas, os habitantes da periferia, desfilam num claro diálogo com muitas personagens dos seus poemas mais icónicos”.
O livro inclui um pórtico escrito pela mão do autor, onde este menciona que os textos que compõem este livro resultaram da necessidade de preencher espaço nos jornais, em que também colaborava, quando lhe solicitavam que escrevesse qualquer coisa. E, para Olga Pires, “ainda que se tratasse de textos ´rascunhados sobre o joelho´, como diz o poeta, ninguém fica indiferente a esse sabor, quente, viril, belo, forte suco gástrico, cheio da nossa vida, dos nossos sonhos e das nossas tristezas”, disse, parafraseando o professor e sociólogo Carlos Serra.

“Hamina e outros contos”, cuja primeira publicação ocorreu em 1997, reúne 13 contos do autor, com a chancela da Ndjira, trazida pela mão de António Sopa, que igualmente selecionou textos dispersos pela imprensa no período entre 1940 e 1960. A edição da EPM-CELP conta com a colaboração do seu filho Zeca Craveirinha e do professor Francisco Noa, no prefácio.
Celebrar Craveirinha é celebrar a vida de um homem comprometido com o seu povo
De acordo com Luísa Antunes, presidente da Comissão Administrativa Provisória (CAP) da EPM-CELP, celebrar o centenário de José Craveirinha é “festejar a memória do poeta maior de Língua Portuguesa, Prémio Camões, patrono da nossa biblioteca, mas, e sobretudo, Homem, cidadão comprometido com o seu tempo, com o seu povo, com a ideia de liberdade, de justiça, de igualdade, de fraternidade”.
Para a dirigente, “tal como José Saramago, seu contemporâneo e igualmente prémio Camões da Língua Portuguesa, que também este ano celebra o seu centenário, Craveirinha foi um poeta implicado com as questões do mundo no seu tempo e inquieto quanto ao devir da nossa civilização. José Craveirinha usou, como poucos, o poder da palavra para enaltecer o direito a uma nação livre e à dignidade de todo o ser humano”.
Quanto ao envolvimento dos alunos e o respetivo proveito pedagógico, Luísa Antunes afirmou que a celebração – que uniu trabalho de alunos, professores e funcionários – “teve o propósito de aprofundar os conhecimentos dos alunos, em contexto de sala de aula, sobre José Craveirinha. Foi um trabalho pedagógico em torno dos valores estéticos e éticos, presentes na obra, mas também na vida de José Craveirinha, poeta”.
A cerimónia de homenagem ao poeta, escritor e jornalista contou com a presença de Zeca Craveirinha, em representação do cidadão e poeta em celebração, embaixadores de vários países, representantes do governo de Moçambique e Portugal, escritores, professores, alunos e demais convidados.
No âmbito da celebração do Centenário do pai dos poetas moçambicanos, José Craveirinha, a Rádio e TV EPM entrevistou o filho do escritor, Zeca Craveirinha.

Esta peça foi adaptada pelos alunos, partindo da história “Quem nasceu para brilhar, tolo é quem tenta apagar-lhe o brilho” – Carnêru ki nasi ku sê lã, kunfiadu é ki tuskia” – de Cabo Verde.
A história gira à volta da txóta Xoxó (passarinho) que quer participar no concurso de música e escolhe amigos para formar a sua banda, contra a opinião do porco Pórcio, que acha que ela não nasceu para brilhar.
A adaptação e apresentação da peça, insere-se nas atividades propostas para a exploração das histórias do livro “Contar histórias com a avó ao colo” e teve a participação entusiasmada de todos os alunos envolvidos.
Os alunos do 4º ano receberam das mãos dos alunos mais pequenos a bandeira do país da história, pintadas por eles, trabalho que também mereceu um grande aplauso e relevo.
A peça, as máscaras utilizadas e bandeiras encontram-se expostas no Pátio das Laranjeiras.


Na EPM-CELP, os alunos apresentaram, aos seus pais e encarregados de educação, um pouco do trabalho que têm vindo a desenvolver. Todos ficaram felizes com o envolvimento e a troca de experiências.



Cinco alunos do terceiro ciclo e ensino secundário da Escola Portuguesa de Moçambique – Centro de Ensino e Língua Portuguesa (EPM-CELP), Ana Beatriz Domingues e Gabriella Correia (8.ºD), Bruno Ferreira (9.º A), Sophie Fernandes (9.º B) e Maíra Correia (10.º A1), representaram Moçambique, nos dias 14 e 18 de abril, no 15.º Campeonato Africano de Natação (CANA – Zona IV), em Lusaka, na Zâmbia, onde o país conquistou o 2.º lugar da classificação geral, entre 13 países, sendo apenas suplantado pelo Zimbabwe, e ficando à frente de países como a Zâmbia (o anfitrião), a África do Sul e Angola.